Casal gay denuncia agressões em festa de carnaval em Bauru
Vítimas afirmam que foram abordadas por um homem que teria se incomodado após um pedido por uma cadeira.
Um casal gay registrou boletim de ocorrência alegando que foi alvo de agressões em uma festa de carnaval de um clube, em Bauru (SP). O caso ocorreu neste sábado (26), por volta das 23h, quando as vítimas foram abordadas por um homem que teria se incomodado após um pedido de uma cadeira feito por elas.
Ao g1, o publicitário Rubens Manoel Herrera Neto, de 25 anos, disse que as agressões, tanto físicas quanto verbais, começaram quando ele e o marido, Carlos Volpe, de 27 anos, foram até uma lanchonete, localizada dentro do clube, para jantar.
A vítima, então, contou que se dirigiu até outra mesa ao lado para pedir uma cadeira. Neste momento, o autor das agressões teria se levantado e proferido diversos xingamentos homofóbicos contra o casal. Entre falas como "viadinho" e "dois baitolas", o agressor também teria executado chutes e tapas, mesmo com seguranças tentando contê-lo.
Sem saber como reagir, a vítima relatou que só soube se defender das agressões para que não apanhasse mais. Como resultado do crime, o publicitário ficou sem enxergar e ainda está com o olho esquerdo inchado. Além disso, as marcas de tapa são visíveis no rosto, que também foi alvo de um chute.
"Chorei muito. Na hora não soube como reagir. Foi muito difícil contar para minha filha. Ela aguardou a gente chegar da festa com a babá, era por volta das 23h. Foi a maior dor que já senti na vida. Eu precisei falar para minha filha que o pai dela havia apanhado na rua simplesmente por ser quem é. Ela ficou desacreditada", lamenta.
Ainda na lanchonete, o casal explica que testemunhas e familiares do agressor não ajudaram a impedir o ato. Inclusive, uma das parentes teria dito que o autor estaria alcoolizado e, por isso, não poderiam culpá-lo pela discussão.
"Todas as pessoas que estavam próximas falavam 'coitado, ele estava bêbado'. Pois eu olhei no olho da familiar do agressor e falei 'você está sendo conivente com um crime'. Ninguém ajudou a gente, ninguém sente essa dor e eles fingem que não enxergam", lembra Carlos.
Indignado com o posicionamento do agressor, Rubens confirma que apanhou enquanto estava sentado na cadeira, impossibilitado de desviar. Assim que saiu do local, o casal se dirigiu a um hospital particular para tratar os ferimentos e, em seguida, para a delegacia, onde registraram boletim de ocorrência como lesão corporal e injúria.
O casal recebeu apoio de ativistas de Bauru e mães de jovens que, segundo Rubens, deram força para que a denúncia fosse efetuada. "Você sai de casa achando que vai comer um lanche e saí de lá na fila de um pronto-socorro. Não vamos deixar assim. Amanhã, ele bate em outros", finaliza.
O casal deve comparecer no Instituto Médico Legal (IML) nesta quarta-feira (2) para exame de delito. O delegado que registrou a ocorrência, Frederico José Simão, informou que foi encaminhada para o Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru, que deve investigar o caso.