Polícia Civil ouve mais de 30 pessoas sobre trotes violentos em Adamantina
Segundo delegada, outros envolvidos ainda devem prestar depoimento. Pelo menos quatro estudantes foram atingidos por produtos químicos.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), já ouviu mais de 30 pessoas sobre a ocorrência de trotes violentos nas Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI).
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Patrícia Tranche Vasques, outros alunos, entre calouros e veteranos, ainda devem ser chamados para prestar depoimentos nesta semana.
Há mais de um mês do caso, a polícia ainda trabalha para identificar os responsáveis de jogar uma substância química nos alunos, que causou queimadura em, pelo menos, quatro alunos. A delegada explica ainda que as investigações não têm prazo para serem encerradas devido a grande quantidade de envolvidos.
"Quando começamos ouvir aqueles que estavam presentes no trote, pudemos descobrir que outras pessoas estavam envolvidas e, com base nisso, passamos a ir mais a diante com relatos de outros suspeitos e vítimas. A história acabou ganhando proporção", explica ao G1.
Ainda segundo Vasques, além dos depoimentos, a polícia aguarda os resultados de laudos como periciais e de corpo e delito, que são importantes para o encaminhamento da investigação. "As conclusões desses documentos podem sustentar as informações dadas pelos estudantes e, a partir disso, poderemos identificar os suspeitos que jogaram as substâncias químicas que causaram lesões", afirma.
A Polícia Civil identificou no dia 5 de fevereiro, quatro suspeitos de terem participado do trote. A jovem Nathália de Souza Santos, de 17 anos, teve ferimentos nas pernas e no umbigo após ser atingida pelo produto, ainda não identificado. A família da garota também iniciou uma "apuração particular" para auxiliar a encontrar os envolvidos.
As Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI) chegou a abrir um canal de denúncia para que os alunos enviem fotos, vídeos ou informações que possam colaborar com as investigações. Elas ainda podem ser encaminhadas pelo [email protected]. O diretor geral da FAI, Márcio Cardim, afirmou que os envolvidos, caso sejam identificados, serão expulsos.
O trote
No dia 2 de fevereiro, primeiro dia de aula na instituição, a estudante estava junto com algumas amigas enquanto aguardava o início das aulas do curso de Pedagogia, quando alguns rapazes passaram por elas e jogaram um líquido que causou as queimaduras.
Outra estudante, Bruna Massuia Soares, de 23 anos, sofreu queimaduras leves. A aluna contou ter visto quando um rapaz de camiseta branca atirou a substância contra elas. "Ele tinha pele clara e estava com um vidrinho, semelhante a um medicamento. Era uma substância escura", contou, em entrevista ao SPTV 2ª Edição.
As duas foram encaminhadas para a Santa Casa do município, onde foi informado que o produto poderia ser "creolina misturada com algum tipo de ácido".
Outro caso
No mesmo dia, um jovem de Tupã (SP) que também estava no trote teve ferimentos nos olhos e pode perder a visão de um deles, após ser atingido por um líquido, aparentemente creolina com um tipo de ácido.
O problema do estudante foi identificado nesta quarta-feira (4), após consulta médica. Ainda segundo a mãe, médicos disseram que uma das córneas foi atingida. A substância pode ser a mesma que queimou as pernas da estudantes.
Nathália de Souza Santos foi atendida na Santa Casa de Adamantina (Foto: Sueli Aparecida Dias)