Reforma em moradia da Unesp causa desentendimento entre estudantes e Direção do Campus
Alunos alegam que estão sendo pressionados para deixar a Moradia Estudantil até dia 13 de outubro; Diretoria informou ao Portal AssisCity que estudantes foram avisados do processo desde o início do ano e que estão recebendo auxílio financeiro
Redação AssisCity
- 08/10/24
- 16:00
- Atualizado há 7 semanas
Nesta terça-feira, 8 de outubro, a Unesp publicou no Diário Oficial do Estado de São Paulo o edital de licitação para a reforma da moradia estudantil do campus de Assis. A sessão pública que definirá o processo ocorrerá no dia 29 de outubro, de forma online. Considerada urgente pela universidade, a reforma terá um orçamento de R$ 6 milhões e visa resolver problemas estruturais graves, como infiltrações e focos de mofo, que têm prejudicado a saúde dos estudantes. Segundo relatos, a vigilância sanitária poderia interditar o local devido às condições insalubres.
No entanto, em meio à expectativa pela reforma, estudantes que ainda residem na moradia procuraram o Portal AssisCity alegando que estão sendo "expulsos à força" e que a universidade falhou em cumprir promessas de providenciar alternativas de moradia. Segundo os estudantes, o corte da internet já foi feito, e a água e a energia serão desligadas no próximo dia 13 de outubro, deixando-os sem opções de moradia adequada.
Alegações dos estudantes
Os moradores afirmam que, desde 2023, participaram de várias reuniões com a administração da Unesp. Durante essas conversas, a universidade havia prometido que providenciaria casas para abrigar os alunos enquanto a moradia estudantil passava por reformas. "Falaram que as casas já estavam quase prontas e que iriam sair logo. Muitos alunos decidiram não optar pelo auxílio-aluguel porque confiaram nessa promessa", contou um dos alunos, que não quis se identificar, mencionando que várias pessoas não solicitaram o auxílio devido à burocracia e às exigências das imobiliárias, como fiadores e comprovantes de renda.
No entanto, no mês passado, os alunos foram informados de que o aluguel das casas não seria possível e que teriam que sair da moradia até o dia 13 de outubro. "Eles disseram que a Unesp não conseguiu respaldo jurídico para alugar as casas e, agora, temos que aceitar o auxílio-aluguel e nos virar sozinhos", explicou um dos estudantes. Ele também destacou que muitos moradores, em situação de vulnerabilidade social, enfrentam dificuldades para cumprir os requisitos exigidos pelas imobiliárias. "Pedem uma renda de três vezes o valor do aluguel ou fiador, o que a maioria de nós não tem", acrescentou.
Atualmente, segundo os estudantes, cerca de 10 alunos ainda residem na moradia. À nossa reportagem, um outro estudante descreveu a situação como um "descaso" por parte da Unesp, alegando que a universidade "enrolou os alunos durante todo o processo" e que agora, sem uma solução definitiva, "os alunos estão sendo despejados."
Resposta da Unesp
A diretora do campus de Assis, Renata Giassi Udulutsch, que assumiu o cargo em novembro de 2023, rebateu as alegações dos estudantes e afirmou que todo o processo foi conduzido com transparência. Segundo ela, os alunos sabiam desde janeiro que a moradia seria desocupada e que, com a mudança na lei de licitações no início deste ano, tornou-se inviável para a Unesp alugar casas diretamente. "Fizemos várias reuniões e informamos a todos os alunos que o aluguel das casas não seria mais possível. O auxílio-aluguel foi a solução mais viável", afirmou.
Renata explicou que a alteração não permitiu que a Unesp alugasse as casas diretamente para os estudantes, pois seria difícil comprovar que essa opção seria mais vantajosa do que conceder o auxílio para que eles mesmos pudessem alugar suas residências. "A gestão anterior havia prometido o aluguel de casas, mas a nova lei de licitação, implementada no início do ano, impossibilitou essa opção", afirmou Udulutsch. "A comissão de moradia foi informada dessa mudança, e foi acordado que os alunos teriam até o dia 13 de outubro para desocupar o espaço", reforçou a diretora.
A Unesp afirma que tinha o conhecimento de que até a data de ontem, 7 de outubro, cinco alunos regulares ainda residiam na moradia e que quatro deles optaram por se mudar com o auxílio-aluguel de R$ 840, já oferecido pela universidade. A direção também informou à reportagem que entrou em contato com imobiliárias de Assis para facilitar o processo de aluguel para os alunos. Uma dessas imobiliárias, segundo Renata, possui um sistema que dispensa a necessidade de fiador e aceita candidatos com baixa renda, oferecendo assim melhores condições para os estudantes.
A diretora também esclareceu que a pró-reitoria tem auxiliado diretamente os estudantes na busca por moradias, garantindo que todos recebam o auxílio de permanência e o auxílio-aluguel. "Não houve expulsão em nenhum momento. Desde o início do processo, os alunos estavam cientes das mudanças. A decisão de desocupar a moradia foi acordada, e todos que estão na moradia hoje já recebem pelo menos um auxílio socioeconômico. Um único aluno, que não recebe o auxílio para aluguel, não foi contemplado no processo seletivo, pois não entregou a documentação a tempo. Ele estava na moradia como hóspede", detalhou Renata.
Ela também destacou que a maioria dos 78 alunos que são atendidos pela Moradia Estudantil optaram pelo auxílio, o que inviabilizou o aluguel de casas pela universidade. "Mais de 90% dos alunos na moradia preferiram essa ajuda, então era inviável legalmente e financeiramente alugar casas para apenas cinco alunos, enquanto a maioria já tinha optado pelo auxílio", afirmou.
Nada resolvido
Apesar da justificativa da universidade, os estudantes seguem insatisfeitos com a condução do processo. "Sugeriram que a gente ficasse na casa de alguém. Mas isso é inviável, pedir para ficar de favor na casa de alguém durante dois meses enquanto o semestre rola? A desculpa deles é que já recebemos a bolsa de deslocamento, mas isso não dá, a renda não bate e é bem complicado", afirmou um estudante.
A reforma da moradia está programada para ocorrer após o resultado da licitação. O Portal AssisCity continuará acompanhando o caso.