Plano de demissão é destinado a servidores técnicos da USP
Médicos não podem aderir para não piorar situação do Hospital Universitário. Funcionários em greve pedem reajuste de 12,34%
O plano de demissões voluntárias aprovado pela Universidade de São Paulo (USP), na quarta-feira (13), será destinado a servidores técnicos e administrativos. Professores não estão incluídos, e também não poderão aderir médicos e enfermeiros para não piorar a situação do Hospital Universitário.
Com o plano, a USP vai gastar R$ 118 milhões. Desde o dia 12 de maio, funcionários estão parados pedindo um reajuste de 12,34%.
Os trabalhadores que aceitarem reduzir a jornada semanal de 40 para 30 horas vão perder 25% do salário.
De 2013 a 2015, a USP perdeu posições no ranking das melhores do mundo. A publicação de trabalhos científicos também vem caindo desde 2010.
"A USP cortou 42% de suas despesas de custeio e pretende cortar mais. Esse corte não pode inviabilizá-la. Ela tem que imaginar uma forma de manutenção de responsabilidade de longo prazo. Ela tem que criar uma forma de controle mais eficiente da gestão", afirmou Paulo Saldiva, diretor do Instituto de Estudos Avançados.
O orçamento da universidade é de quase R$ 5 bilhões. No total, 95% do dinheiro vêm do ICMS o imposto sobre circulação de mercadorias e serviços. Em 2016, o valor total repassado caiu quase 3,5%, e a USP deve terminar o ano com um rombo de R$ 868 milhões nas contas - R$ 325 milhões a mais do que estava previsto.
A crise se torna bem concreta nas obras paradas, espalhadas pelo Campus do Butantã, onde seriam construídos em vários museus. Sobre a obra parada, a reitoria da USP afirma que vai custar três vezes mais do que já foi gasto para concluir tudo e que, por isso, não há previsão de quando ela vai terminar.
A USP também gasta demais para pagar salários. Em 2010, 80% dos recursos eram usados para isso. O valor chegou a 109% em 2014 - caiu um pouco depois de um plano de demissões voluntários. Hoje, a USP gasta 5% a mais do que recebe do governo do estado só com a folha salarial. A diferença está saindo de um fundo, uma espécie de poupança da USP.