Após falta de energia, bolsonaristas pretendem ir ao STF para barrar privatização da Sabesp
Mais de 315 mil imóveis da Grande São Paulo permanecem sem energia mais de 3 dias depois do temporal a região no final de semana; Segundo a Sabesp, ao menos 1,5 milhão de pessoas ficaram sem água no estado
Redação AssisCity
- 07/11/23
- 12:00
- Atualizado há 58 semanas
A falta de energia que atinge o principal estado do país, São Paulo, ganhou um novo capítulo na manhã desta terça-feira, dia 7 de novembro. De acordo com a colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, um grupo de bolsonaristas pretendem entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrar a privatização da Sabesp, anunciada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em agosto e que pode ser concretizada até o final de 2023.
A ideia do pedido de embargo do projeto de privatização se deu após mais 315 mil imóveis da Grande São Paulo terem ficado mais de 72h sem água e sem energia depois do temporal que atingiu a região durante o final de semana e que deixou ao menos 6 pessoas mortas. De acordo com a Sabesp, cerca de 1,5 milhão de pessoas ficaram sem água após o temporal e só teve o abastecimento normalizado nesta segunda, dia 6.
De acordo com o que publicou a colunista, o grupo é formado por economistas e advogados que estiveram no governo Bolsonaro e que o apoiaram à reeleição. A ideia é ir até o ministro do STF André Mendonça, que foi indicado pelo ex-presidente, e apresentar dados indicando possíveis prejuízos causados aos consumidores paulistas nestes últimos dias.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou nesta segunda-feira, 6, que pretende abrir uma investigação para apurar se houve omissão da concessionária Enel no restabelecimento de energia - a empresa foi privatizada em 2018 pelo governo Temer e isso deve ser usado no pedido. Também nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reuniu com o governador de São Paulo e com o prefeito da capital, Ricardo Nunes, para cobrar explicações sobre os problemas de fornecimento de energia que ainda persistem mais de 3 dias após o temporal.
O movimento contra a privatização da Sabesp ganha então mais adeptos, como Fabio Wajngarten, que foi chefe da Secretaria de Comunicação no governo Bolsonaro, que comentou o assunto no X (antigo Twitter), dizendo que "existe uma direita preocupada com a soberania do Brasil", acrescentando que "a Sabesp é um ativo estratégico do país, é uma das maiores empresas do mundo na distribuição de água e também na área do saneamento básico. Não faz sentido sairmos do monopólio público para cair no monopólio privado e não podemos deixar a população refém de grupos empresariais que mal conhecemos", escreveu na rede social.
Em outubro, funcionários da companhia entraram em greve em todo o estado contra a privatização. O projeto de privatização da Sabesp é um dos principais projetos do governo de São Paulo, que tem defendido a venda da empresa como uma forma de melhorar a eficiência do serviço e reduzir custos.
No entanto, o projeto é fortemente criticado por trabalhadores, movimentos sociais e entidades ligadas ao meio ambiente. Os críticos afirmam que a privatização da Sabesp levará à redução da qualidade do serviço, ao aumento dos preços e à perda de controle público sobre um serviço essencial.