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Pesquisadores da USP descobrem que Covid-19 pode ser detectada em lágrima

Descoberta sinaliza a necessidade de proteção para os profissionais de saúde. De 47 pacientes analisados, o coronavírus foi detectado em 18,2% das amostras coletadas pelo cotonete e em 12,1% das obtidas por meio de tiras.

Portal G1

  • 26/01/23
  • 15:00
  • Atualizado há 100 semanas

Pesquisadores da USP de Bauru descobrem que Covid-19 pode ser detectado pela lágrima — Foto: HC USP - Bauru /Divulgação
Pesquisadores da USP de Bauru descobrem que Covid-19 pode ser detectado pela lágrima — Foto: HC USP - Bauru /Divulgação

Uma pesquisa liderada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) de Bauru, no interior de SP, concluiu que o vírus da Covid-19 pode ser detectado em lágrimas. A descoberta sinaliza a necessidade de proteção para os profissionais de saúde.

Conforme o Governo do Estado de São Paulo, os pesquisadores da USP fizeram os testes no Hospital das Clínicas (HC) de Bauru. Na enfermaria da unidade, pacientes internados com Covid passaram pro um novo exame com o cotonete de algodão para coleta de lágrimas.

A análise das amostras identificou a presença do coronavírus em quase 20% dos casos. O resultado indica uma alternativa ao cotonete usado no teste para detectar a presença do vírus no organismo, que causa desconforto no nariz e na garganta.

Apesar de baixo, há, conforme o professor e pesquisador da USP, Luiz Fernando Manzoni Lourençone, chance de transmissão do vírus pela lágrima.

"Tem vírus presente na superfície ocular, tanto coletado através da lágrima que é um teste mais simples que coloca uma fita de papel ou se raspar a haste de um cotonete na superfície do olho, e analisar essa amostra", comenta o professor.

De 47 pacientes analisados, o coronavírus foi detectado em 18,2% das amostras coletadas pelo cotonete e em 12,1% das obtidas por meio de tiras de um exame para avaliar se o olho produz quantidade suficiente de lágrimas, conhecido como Schirmer.

O método usado na pesquisa foi o mesmo dos exames convencionais, mas, no lugar da secreção do nariz ou boca, foram investigados os fluídos oculares. Os dados foram avaliados em conjunto com o departamento de oftalmologia da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos (EUA).

O trabalho recebeu apoio da Fapesp, por meio de bolsa de iniciação científica concedida a Luís Expedito Sabage, aluno de graduação, orientando de Lourençone.

"A gente aprimorou os métodos matemáticos e de análise bioquímica, de fluídos, que ainda não eram feitas no Brasil", explica o estudante.

Entre os pacientes com diagnóstico positivo pelo teste nos olhos, metade teve casos graves da doença, o que para os pesquisadores indica uma maior chance de detectar o vírus, além de ser a certeza que a transmissão pode ser feita ao esfregar os olhos.

Etapas da pesquisa

A pesquisa foi desenvolvida ao longo da pandemia. A etapa da testagem ocorreu no primeiro semestre de 2021, quando as principais variantes em circulação no estado eram a Gama e Delta.

De 61 pacientes internados, foram analisadas amostras de 33 deles com diagnóstico de Covid-19 e de outros 14 sem o vírus, obtidas durante aquele período. As avaliações foram realizadas entre julho e novembro do mesmo ano.

Por outro lado, como esperado, nenhum dos pacientes negativos para Covid-19 em exames feitos com o cotonete teve amostra de lágrima positiva.

Agora, o grupo de pesquisadores iniciou uma nova linha, com foco na detecção de doenças por meio de testes e exames ligados aos olhos. O objetivo é trabalhar com outros tipos de vírus, além do da Covid-19.

"Existem outros vírus ainda pouco estudados no Brasil. Pretendemos nos dedicar a encontrar soluções e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Vamos analisar também outras condições virais que se tornam sistêmicas", diz o professor.

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