Delegado explica que uso de roupas com símbolo de droga é crime
Três casos de apologia às drogas são investigados pela polícia em Marília. Especialista José Luiz Mansur acredita que prisões foram exageradas.
Três casos de apologia às drogas estão sendo investigados pela Polícia Civil de Marília (SP). O delegado seccional Luís Fernando Quinteiro explica que quem usar as roupas com as estampas está sujeito a ir parar na delegacia. "Tudo vai depender do caso. Manifestações, debates não configuram crime, mas isso não dá direito às pessoas de saírem com uma roupa incentivando o uso da droga."
As prisões e apreensões dos últimos dias tem como base o artigo 33 da lei antidrogas, que diz que é crime induzir, instigar ou ajudar alguém a consumir substâncias proibidas.
No dia 18 de janeiro, duas adolescentes foram parar na delegacia. Uma delas estava com uma porção de maconha e a outra vestia uma camiseta estampada com desenhos de folhas de maconha. Elas foram ouvidas e liberadas na presença das mães. Dois dias depois, um homem de 26 anos foi prestar depoimento na delegacia por suspeita de participação em um roubo e acabou preso. Ele estava com um boné com o desenho de uma folha de maconha bordado. O rapaz foi encaminhado à cadeia de Pompéia.
O último caso foi nesta sexta-feira (23), quando a Polícia Militar aprendeu camisetas, calças e bermudas com estampas da folha da maconha sendo vendidas no camelódromo de Marília. O comerciante que estava com as peças prestou depoimento, mas foi liberado.
Em contrapartida, o Supremo Tribunal Federal é favorável a organização de passeatas que pedem a legalização da maconha.
O especialista José Luiz Mansur acredita que as prisões foram exageradas. Segundo o advogado, usar roupas com os símbolos não é necessariamente estimular o uso das drogas. "A diferença entre apologia e a livre manifestação é bastante sútil. Manifestar livremente a ideia faz parte do direito. Discutir sobre as drogas, sobre a legalização não é incentivar o uso. Uma coisa é defender a legalização, outra é incentivar o uso", conclui.
Roupas vendidas em Marília tinham símbolo da
planta da maconha (Foto: Diculgação/Polícia Militar
Meninas foram flagradas usando blusas com estampa de maconha (Foto: Polícia Rodoviária/Divulgação)