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Paciente de 34 anos com câncer aguarda há 4 meses prótese para retirada do seio em Assis

Lei garante reconstrução da mama em seguida à retirada de câncer. Conheça a história da assisense Juliana Francisca

Redação AssisCity

  • 31/10/22
  • 15:00
  • Atualizado há 100 semanas

Foi aos 34 anos, após ser diagnosticada com câncer de mama, que a assisense Juliana Francisca Soares teve a certeza de que sua vida mudaria e adotou um novo estilo de vida, começando pela fé, esperança e aceitação que resultaram em superação, mesmo aguardando há 4 meses a cirurgia da retirada de mama e colocação de prótese.

Tudo começou após um banho em outubro de 2021, quando Juliana percebeu um pequeno desnível em seu seio. "Percebi algo estranho e fiquei dias pensando nisso, apalpei e senti uma bolinha, mas não sabia o que fazer", conta.

Após diversos exames, e a constatação do câncer, Juliana dividiu suas angustias com alguns colegas de trabalho e o namorado. "Escondi da minha família; não tive coragem de contar, tendo em vista que meu pai havia falecido por conta de câncer", justifica.

Questionada sobre como recebeu o diagnóstico, Juliana conta como encarou os primeiros momentos. "Foi um choque receber essa notícia, chorei muito. Pensei que meu namorado fosse largar de mim, que tinha acabado minha vaidade. Como me olhar no espelho, sem meu seio? Uma sensação muito estranha", confessa.

No meio de toda turbulência e desespero, sem saber como falar com a família, Juliana teve a ajuda de uma amiga para contar para sua mãe. "Foi muito difícil, mas minha mãe não demonstrou nervosismo e me disse que daria tudo certo e ficaria tudo bem se eu fizesse o tratamento correto", lembra.

Divulgação - Juliana descobriu o câncer em outubro de 2021 - Foto: Divulgação
Juliana descobriu o câncer em outubro de 2021 - Foto: Divulgação

"Pedi muito para Deus me acalmar, para ser forte. Não é uma coisa simples, como tirar uma unha. Cheguei a pensar que não daria conta, mas com fé entendi e aceitei querer continuar vivendo. Se for preciso passar por tudo isso, vou passar, eu quero viver", lembra.

"Peço a Deus para que sempre seja feita sua vontade. Não acho que as coisas acontecem por um acaso, tudo tem um propósito", completa.

Tratamento e autoestima

Encarar um tratamento desses tem um peso enorme. A autoestima é muito importante para as mulheres e nesse momento de fragilidade é mais difícil aceitar e pensar nisso.

Mas, para Juliana, a vontade de viver e vencer era o mais importante naquele momento. "Encarei todas as quimioterapias, perdi meus cabelos, minhas unhas escureceram por conta da medicação e engordei, mas não desanimei nenhum dia. Não me sentia uma pessoa doente", conta emocionada.

Divulgação -
"Com fé entendi e aceitei querer continuar vivendo", disse Juliana - Foto: Divulgação

Apesar dos efeitos colaterais o tratamento foi muito tranquilo e o apoio de amigos, família e namorado fez a diferença: "mesmo sem cabelo, sem sobrancelhas, cílios e unhas bonitas, meu namorado me deu muito apoio, sempre falava que eu estava linda. Eu não podia desistir, por ele, pela minha filha e por todos os que estavam comigo me apoiando".

Mastectomia

Em junho deste ano, Juliana terminou as sessões e passou novamente por consulta médica. Por ter feito todas as quimioterapias e o nódulo ter diminuído, Juliana acreditava que seria feita somente a retirada do quadrante, mas na verdade descobriu ser mais de um nódulo e teria que retirar a mama e realizar uma raspagem na axila.

"Quando descobri, desabei novamente. Foi difícil aceitar que uma parte de mim seria retirada, fiquei dias chorando, desanimada, mas no fim vi que era o melhor para mim. Naquele momento, aceitei o que Deus preparou. Minha luta e batalha não tinham acabado e de novo não desisti, eu só queria viver", relata.

A retirada da mama e espera da prótese

Outro fato que está sendo difícil para Juliana, mas a fé e a esperança a fazem superar mais uma vez, é a espera da cirurgia da retirada de mama e a colocação da prótese, que segundo Juliana já era para ter sido realizada há 4 meses.

A assisense explica que assim que a quimioterapia foi finalizada, sua cirurgia foi agendada. Mas lembra que mesmo com o direito à prótese teve dificuldades com o sistema. "Meu tratamento foi todo pelo SUS no Hospital Regional de Assis. Quando eu soube da retirada, logo fui informada do meu direito à prótese que seria realizado na mesma cirurgia, fiquei animada, mas aconteceram algumas intercorrências", comenta.

A primeira cirurgia de Juliana foi marcada para agosto, acontece que próximo à data marcada, a cirurgia foi adiada para outubro, pois até o momento o HR ainda não havia recebido a prótese. Próximo à nova data, foi remarcado novamente, pela falta da prótese.

"Já se passaram 4 meses e nada da prótese chegar. Mesmo tomando uma medicação, fui informada que o efeito já não era o mesmo e que se eu quisesse daria para fazer a retirada e esperaria para colocar a prótese mais para a frente", explica.

Pra Juliana, essa opção está fora de cogitação. "Saber da retirada já é difícil, se tenho o direito a prótese, prefiro esperar. O fato é que corro risco, não posso voltar a trabalhar, tenho uma filha de 4 anos para sustentar e não dá mais para esperar", desabafa.

O prazo para a cirurgia plástica reparadora da mama feita de obrigação do SUS, segundo lei aprovada em 2013, é ser feita logo em seguida à retirada do câncer.

"Até agora não me chamaram porque não fizeram o pedido de compra ainda. Eu sei que eles fazem um pregão para comprar a prótese. Estou no aguardo. Ainda não entraram em contato comigo para fazer o agendamento".

Hospital Regional

Em contato com a assessoria do Hospital Regional de Assis, o Portal AssisCity recebeu nota informando que a cirurgia de Juliana será nesta semana. Depois disso, Juliana recebeu o contato, mas a cirurgia ainda não foi marcada.

"A enfermeira mandou mensagem para minha sogra, dizendo que chegou a prótese e que estava agendado para o dia 3 de novembro, porém não é certeza", comenta Juliana.

"Acho que eles deviam dar prioridade para meu caso. "Estou aguardando há bastante tempo. Já foi cancelado 2 vezes. E minha doença não é benigna, corro risco de vida", completa.

Confira a nota: "O Hospital Regional vem acompanhando a paciente com todos os cuidados necessários. A aquisição da prótese foi concluída, com agendamento do procedimento cirúrgico para a próxima semana. A equipe médica vai entrar em contato para informar a paciente e está à disposição da família para mais informações".

Superação

Para as mulheres que estão em tratamento neste momento, a assisense deixa uma mensagem de motivação: "Tudo vai passar! A maior motivação é que Deus nunca dá um fardo maior do que nós podemos carregar. Para alguns parece ser o fim, mas não é. Isso é uma chance de fazer coisas diferentes, saber que em algum momento tudo vai acabar, mas que não será por doença, mas sim se você desistir".

"Coloque na cabeça que está acabando, é só uma fase, confie e tenha muita fé. Eu não estou doente, isso não me pertence, eu já me curei. É assim que eu penso. Busque a cura e não pare a vida", finaliza.

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