Nos bailes da vida - Jet Boys

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"Foi nos bailes da vida, ou num bar, em troca de pão

Que muita gente boa pôs o pé na profissão

De tocar um instrumento e de cantar

Não importando se quem pagou quis ouvir"

Milton Nascimento

Os versos do eterno "Bituca" são perfeitos para descrever incontáveis histórias Brasil afora.

Em Assis também! Uma história de amor com a música, com a diversão, com a cidade. Que certamente, ajudou a criar ou alimentar muitas histórias de amor, pelos bailes da vida.

O Jet Boys, um dos grupos musicais mais famosos de nossa cidade, também foi umas das bandas de baile mais longevas e famosas do país. "Foram 50 anos dedicados a tocar alegria por onde passavam", nas palavras do glorioso Tiãozinho, um dos integrantes da banda desde seu início, em 1967. Ano em que cinco jovens, Tião, Laércio, Ademir, Edney e Osmir, o eterno Mirão, resolveram colocar em prática o sonho de fazer música. Após um tempo de estudo e aperfeiçoamento no Conservatório Musical Professor Pasquarelli, o Jet, carinhosamente apelidado, faz sua estreia num baile de debutantes, em 20 de setembro do mesmo ano onde, alguns anos depois, funcionaria uma certa casa noturna de nome "O Porão" (falaremos deles, num futuro próximo).

Em 1968, a primeira turnê, pelos estados de Goiás e Mato Grosso, e na capital, Brasília. De volta à cidade, conciliam a rotina de estudos e bailes por toda a região e nos clubes São Paulo, Sírio Libanês, Recreativo e Tênis Clube. E não eram só bailes, também animaram muitas "brincadeiras dançantes" pela cidade, inclusive em ginásios, como GEMA e G.E. No repertório, muita Jovem Guarda, agitando a galera com uma média de 150 eventos por ano, incluindo festas de aniversário, rodeios, feiras, congressos e até "showmícios".

Eleita um dos melhores conjuntos de baile do Brasil, em 1974, pelos jornais Folha da Tarde e Notícias Populares, o Jet Boys no final da década de 70/início da de 80, migra para rock nacional, tocando Cazuza, Blitz, Titãs, Ultraje a Rigor,entre outros. Já na década seguinte, anima bailes por todo o interior paulista, com uma grande estrutura de palco e equipe, tornando-se uma das principais bandas do cenário musical.

Num papo super bacana com o Ademir Fortuna, descobrimos que a banda, além de eventos próprios, abriu shows para grandes nomes da música brasileira, como Moacyr Franco, Agnaldo Rayol, Ângela Maria, Martinho da Vila e Secos e Molhados. Também foi banda de apoio para shows em feiras agropecuárias da Gretchen, Odair José, Waldick Soriano, Luiz Gonzaga e outros. "Tocar bailes era uma verdadeira escola, pois tínhamos que nos desenvolver, e tocar cover de tudo", lembra Ademir.

Os anos 2000 chegaram, ainda com bastante prestígio, algumas formações diferentes, mas com a diminuição do ritmo. 2007 marca a morte de Edney, um dos fundadores. Bruno Castro, filho do Mirão, nos contou sobre seu retorno à banda, entre 2012 e 2014, e sobre o último show, realizado em 14/11/2014, na cidade de Bastos. A pandemia de Covid-19 levou embora o inesquecível Mirão, em dezembro de 2020.

O Jet Boys fez parte da vida de muitos assisenses. Sejam frequentadores dos bailes e shows, sejam músicos que se espelharam na banda ou fãs e amigos. Sem contar os inúmeros empréstimos de equipamentos, algo presente na comunidade musical de nossa cidade. O Fortuna lembra, sorridente, que eles já emprestaram e pegaram emprestados muitos instrumentos em sua trajetória.

Histórias marcantes sempre têm um componente especial: a música. Pense em algum filme sem trilha musical… não seria a mesma coisa. Em outras palavras, nossa história foi temperada com boa música, e o Jet Boys contribuiu demais para isso. Aliás, "o Jet Boys da cidade de Assis", diga-se de passagem.

Tem mais gente boa da música pra gente falar, então, aguardem os textos dos próximos capítulos.

Temos certeza que você tem alguma história bacana de sua vida, escrita ao som do Jet Boys.

Por Fernando de Freitas Nascimento, com a colaboração do Tiãozinho, do Ademir Fortuna, do Bruno Castro (lá de Barcelona, na Espanha) e,com a maior parte das informações, retiradas do ótimo "Assis de A a Z", de Marcos Barrero (leitura altamente recomendável).

Em Memória do Edney, do Mirão, e de dois caras que fizeram parte da história do Jet: Wanderlei Esperandio, da Só Som, um grande incentivador, e meu pai, Robertinho Nascimento, um grande amigo deles.