Especialista em Saúde Mental, Dr. Gabriel Camargo, discute o impacto das redes sociais na depressão
Em entrevista exclusiva ao Portal AssisCity, psiquiatra enfatiza como a doença do século está intimamente ligado ao uso das redes sociais
Redação AssisCity
- 02/06/24
- 09:00
- Atualizado há 24 semanas
No atual cenário das redes sociais, a saúde mental tornou-se um tema de extrema relevância e preocupação. Em entrevista ao Portal AssisCity, o Dr. Gabriel Camargo discute como a depressão, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a doença do século, está intimamente ligada ao aumento do uso das redes sociais.
A OMS destaca que além da depressão, a ansiedade e outros transtornos mentais estão em ascensão global. Estudos indicam um aumento de 50% nos casos de depressão entre 1990 e 2019. Um relatório mundial revelou que países desenvolvidos como os EUA, Bélgica, Alemanha e Inglaterra viram uma queda na felicidade entre 2008 e 2018, refletindo o impacto crescente dos transtornos mentais.
No Brasil, a depressão é a principal causa de incapacitação, afetando significativamente a produtividade. O Dr. Gabriel Camargo, especialista em psiquiatria, enfatizou que a pandemia exacerbou esses problemas. "Observamos um aumento crescente nos casos de depressão entre os jovens, especialmente com o uso das redes sociais. A pandemia piorou essa situação, afetando a autoestima e habilidades sociais de crianças e adolescentes," afirmou o Dr. Camargo. Dados preocupantes mostram um aumento de 3% nas taxas de suicídio entre jovens brasileiros nos últimos anos.
A depressão é caracterizada por sintomas como tristeza persistente e perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas. Estes sintomas devem estar presentes por pelo menos três a quatro semanas para um diagnóstico preciso. Outros sintomas incluem alterações no apetite, dificuldades de concentração e oscilações de humor, que podem indicar a necessidade de intervenção psiquiátrica e psicológica. "É essencial que as pessoas reconheçam esses sinais e busquem ajuda profissional o quanto antes," destacou o Dr. Camargo.
O impacto das redes sociais na saúde mental é significativo. O Brasil é um dos países com maior tempo de uso de redes sociais, com uma média de quatro horas diárias. A exposição constante a vidas aparentemente perfeitas nas redes pode agravar sentimentos de inadequação e baixa autoestima, especialmente em pessoas já predispostas à ansiedade e depressão. "Estudos mostram que quanto mais os jovens usam redes sociais, maior a incidência de tentativas de suicídio e depressão. A comparação constante com vidas idealizadas nas redes pode reduzir a autoestima e aumentar o isolamento," explicou o psiquiatra.
A discussão também abordou o uso de medicação para tratar transtornos mentais. Antidepressivos, ansiolíticos e estimulantes como a ritalina são frequentemente utilizados, mas é crucial um diagnóstico preciso para evitar o uso inadequado. A automedicação e o uso de medicamentos sem prescrição médica podem levar a dependências perigosas. "Há um aumento no uso de estimulantes como a Ritalina, que pode se tornar uma droga de abuso. Muitas pessoas buscam esses medicamentos para melhorar a produtividade, mas é importante lembrar que eles podem causar dependência," alertou o Dr. Camargo.