Escola de Samba Unidos da Vila Operária: tradicional reduto de sambistas, militantes culturais e poetas assisenses
A escola foi pensada e idealizada após uma roda de samba entre amigos do próprio bairro; veja a história
Fernando Nascimento
- 27/05/23
- 12:00
- Atualizado há 77 semanas
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Já dizia o poeta: "quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé."
Talvez você não ouça samba, não toque samba, não frequente uma roda de samba. Mas, como todo brasileiro, ainda que em um pequeno batuque, você deve gostar de um sambinha (admita).
Neste fim-de-semana musical de nosso especial Assis 118 anos, o tema de hoje transcende o ritmo, as fantasias, as danças. É uma verdadeira relação de amor. Samba é tudo isso e mais um pouco e, um dos grandes expoentes dessa arte por estas bandas atende pelo nome de Unidos da Vila Operária, ou simplesmente VO. Coração pulsante de nossos carnavais.
A Vila Operária é um dos lugares históricos de Assis. A antiga Vila Coelho, morada de centenas de famílias de ferroviários. A praça da Paróquia Nossa Senhora Das Dores (que ainda falaremos neste especial), O VOCEM (claro, também será assunto aqui). A vida religiosa, recreativa, cultural e boêmia próprias… coisas que eram incompletas, sem a presença de uma tal VO.
A escola foi pensada e idealizada após uma roda de samba entre amigos do próprio bairro. Fundada em 10 de outubro de 1979, pelo Padre Aloísio Belini, grande incentivador das atividades culturais e esportivas do bairro. Trazia entre seus membros, dissidentes da antiga escola da Vila Xavier. Inicialmente a escola era branco e bordô, se transformou em verde e rosa ao longo de sua trajetória.
O primeiro samba-enredo, levado para a avenida em 1980, dizia "De uma roda de samba muito modesta, ao som do batuque em dias de festa, nasceu a escola que hoje é assim". Desde então, inúmeros desfiles homenagearam alguém que já tenha passado pela instituição, algum fato histórico do bairro ou de nossa cidade. Já foi política, ao criticar o depósito de lixo no Horto e a construção do presídio; já foi romântica, ao retratar artistas e bares da cidade, como Paulinho da VO, Padre Aloísio e Sérgio Nunes, entre outros.
Foi campeã do carnaval assisense em várias oportunidades.
Em 1988, foi lançada a pedra fundamental do tão sonhado barracão, construído com o apoio de todo o bairro, situado na Rua Tibiriçá.
Além do carnaval, seu ponto forte, a escola desenvolve vários eventos musicais, esportivos e sociais. Já apresentou o seu carnaval em Ourinhos, Pedrinhas Paulista, Maracaí, Florínea e outras cidades da região. Conta com uma ala show, que se apresenta em festas de formaturas, bailes, casamentos e outras atividades realizadas pelas entidades.
Para a manutenção de suas as atividades, são realizados vários eventos: Feijoada, Brechó da VO, rodas de samba, rifas variadas, venda de camisetas. Toda a verba é destinada para a conclusão da reforma do nosso barracão e a manutenção do carnaval. Muitos "amigos do samba", assim chamados aqueles que ajudam a difundir a cultura popular, também patrocinam a VO.
Além dessas atividades, desenvolve aulas de karatê no barracão, em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes. Inúmeros eventos sociais foram realizados, uma das marcas da VO, como o S.O.S. Maracaí, S.O.S. Jaú, Pedágio solidário na Campanha do agasalho, Páscoa Solidária em parceria com o CAPSA e Paróquia Nossa Senhora das Dores, festas das crianças, Natal Solidário em parceria com o grupo " Amigos da Dona Lourdes", almoço de Natal para os moradores de rua e festas juninas.
Todos os anos, desde 1983 é realizada a Prova Pedestre Padre Bellini.
Poderíamos contar muitas outras histórias. Aliás, um agradecimento especial à Mônica, presidente da escola, e à Deise, que nos passou algumas das curiosidades aqui descritas.
A VO é uma das mais antigas manifestações culturais de Assis, ainda em atividade. Um pessoal que ama nossa cidade, e demonstra este amor em cada samba-enredo, em cada ação social e em cada desejo de manter viva uma cultura que, infelizmente, tem se perdido aos poucos.
Não deixe o samba morrer.