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ELEIÇÕES 2024: Ângela Canassa é a quinta mais votada e mesmo assim Câmara fica sem mulheres

Outras quatro mulheres tiveram votações expressivas mas, devido aos quocientes eleitoral e partidário, Câmara Municipal de Assis só terá homens

Redação AssisCity

  • 09/10/24
  • 16:00
  • Atualizado há 1 hora

Nas eleições de 2024, a candidata Ângela Canassa (PSDB) foi a quinta mais votada para a Câmara Municipal de Assis, com 1.004 votos, um número expressivo que superou até mesmo o recorde anterior de uma candidata mulher na cidade. No entanto, apesar da votação robusta, ela ficou de fora das 15 cadeiras do legislativo municipal por conta do sistema de Quociente Eleitoral e Partidário, e não será nem suplente.

Portal AssisCity - Ângela Canassa é a quinta mais votada, mas fica de fora da Câmara por conta dos quocientes eleitoral e partidário - FOTO: Portal AssisCity
Ângela Canassa é a quinta mais votada, mas fica de fora da Câmara por conta dos quocientes eleitoral e partidário - FOTO: Portal AssisCity

Além de Ângela, outras quatro mulheres também tiveram votações significativas:

- Vanessa Eugênio (PL) com 523 votos;

- Rosângela do Popular (Republicanos) com 432;

- Ana Betine (PT) com 359;

- Sandra Protetora (Solidariedade) com 344;

Todas ficaram de fora da próxima legislatura, fazendo com que a Câmara de Assis, a partir de 2025, seja 100% masculina, um cenário que não ocorria desde 2016.

Para comparar, veja os vereadores que foram eleitos com menos votos que Ângela Canassa:

- Paulo Paçoca (PSD) com 945 votos;

- Gerson Alves (PL) com 938 votos;

- Jé Canela (MDB) com 845 votos;

- Pastor Edinho (Republicanos) com 819 votos;

- Português (PT) com 752 votos;

- Gordinho da Farmácia (MDB) com 746 votos;

- Carlinhos Zé Gotinha (PL) com 725 votos;

- Lucas Gomes (Solidariedade) com 560 votos;

- Roni da Farmácia (Avante) com 545 votos;

- Fernando Kiko (União) com 416 votos;

- Timba (PRD) com 401 votos;

A ausência de mulheres eleitas no legislativo contrasta com o resultado das eleições majoritárias. Este ano, Assis elegeu sua primeira prefeita mulher, Telma Spera (PL), em uma disputa em que as duas principais concorrentes eram também mulheres. Cristiani Silvério (Republicanos), ex-secretária de Saúde e segunda colocada no pleito, reforçou o protagonismo feminino na corrida ao Executivo.

A situação é ainda mais particularmente alarmante quando se considera que, segundo dados do Censo 2022, divulgados em 2023, Assis possui 101.409 habitantes, dos quais 52.583 são mulheres, representando mais de 51% da população. Apesar da predominância feminina no município, nenhuma mulher ocupará uma cadeira no legislativo municipal nos próximos quatro anos.

O impacto do Quociente Eleitoral e Partidário

A principal razão para que Ângela, apesar de sua expressiva votação, não tenha conquistado uma cadeira está no cálculo do quociente eleitoral e partidário. Esse sistema determina que as vagas na Câmara sejam distribuídas aos partidos e federações, e não diretamente aos candidatos. Isso significa que um candidato com menos votos pode ser eleito se o partido tiver uma boa performance global.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) explica que o quociente eleitoral é calculado pela divisão do número de votos válidos pelo total de vagas disponíveis. Já o quociente partidário determina quantas cadeiras cada partido terá direito, levando em consideração os votos totais que cada legenda recebeu. No caso de Assis, a combinação desses fatores prejudicou a eleição de Ângela e das demais candidatas femininas.

Um alerta para a representatividade feminina

A ausência de mulheres na Câmara de Assis é um sinal de alerta para a representatividade feminina na política local. Em 2016, a cidade elegeu Professora Dedé (712 votos), e em 2020, além de Viviane Del Massa, Vanessa Eugênio foi eleita (615 votos). Este ano, mesmo com um número recorde de votos para Ângela Canassa, nenhuma candidata conseguiu uma vaga no legislativo, fazendo com que o avanço da igualdade de gênero nos espaços de poder pareça um caminho ainda a ser trilhado em Assis.

Analisando as Eleições Municipais de Assis, o comentarista político do Portal AssisCity e professor de história, Elielton de Oliveira, destacou que mesmo com mulheres liderando a disputa para a Prefeitura neste ano, "a maioria dos principais apoiadores durante a campanha eram homens brancos e de meia idade". Ele ainda reforçou que o Brasil elegeu apenas 13% de mulheres para o cargo de prefeita em 2024, refletindo um cenário em que a presença feminina nos espaços de poder ainda enfrenta grandes desafios.

Elielton contextualizou ainda essa realidade histórica: "Nosso país é marcado pelo patriarcado, em que a figura masculina detém autoridade sobre a família e a sociedade. A partir de 1932, sob o governo de Getúlio Vargas, as mulheres conquistaram o direito ao voto. No entanto, apenas nas últimas décadas os direitos femininos vêm avançando, como com a Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio e a Lei da Igualdade Salarial", disse.

De acordo com o professor Elielton, a ausência de representatividade feminina nos espaços de poder reforça a necessidade de criar leis que assegurem a igualdade de gênero: "É importantíssimo que as mulheres estejam presentes nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário para fomentar o avanço da igualdade de gênero e garantir proteção a todas que estejam em alguma situação de opressão. O aumento de cargos públicos ocupados por mulheres contribui intensamente para combater a desigualdade de gênero a curto prazo e para formar novas gerações", finalizou.

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