Com auditório lotado, autoridades discutem futuro do Hospital Regional de Assis
Há cerca de dois meses a instituição tem enfrentado problemas com falta de médicos
Após o fechamento do ambulatório de gestação de alto risco do Hospital Regional de Assis (HRA), e a falta de profissionais na área da neurologia, o poder executivo de Assis convocou uma reunião com autoridades, profissionais da medicina e deputados, para discutir e elaborar um plano de ação e pedir ao Governo do Estado melhorias no atendimento à população.
Compuseram a mesa o Promotor de Justiça, Sergio Campanharo, o prefeito de Tarumã e ex-presidente do CIVAP, Oscar Gozzi, a deputada estadual Daniela Alonso, o deputado federal Capitão Augusto, o vice-prefeito de Assis, Aref Sabeh, o prefeito de Assis, José Fernandes, a secretária de saúde de Assis, Cristiani Silvério, a presidente do Conselho de Saúde Benedita Quintiliano Pereira, a diretora do Hospital Regional Dra. Lenilda de Araújo, e o presidente da Associação Paulista de Medicina de Assis, Roberto de Melo.
A diretora do Hospital Regional, Dra. Lenilda de Araújo, explanou sobre as mudanças relacionadas nos Recursos Humanos. No gráfico apresentado, é possível ver que em 2015, o hospital contava com 384 profissionais de enfermagem, chegando a 2023 com apenas 243 colaboradores, tendo uma perda de 36,72%, no quadro.
Já em relação aos leitos, em 2015, o HRA contava com 127, chegando em 2023 com apenas 74, o que corresponde a 41,73% de perdas ao decorrer dos anos.
Dra. Lenilda de Araújo, falou sobre a importância de ver o auditório cheio, com pessoas que se preocupam com o bom funcionamento da instituição. "A nossa intenção é fazer com que o hospital atenda cada vez mais e melhor, e tenho orgulho de ver que tantas pessoas se importam com nosso futuro, isso mostra a grandeza do HRA", destacou.
Lenilda ainda pontuou sobre os serviços em que o HRA é referência, como a neurocirurgia, hemodiálise e a Unidade de Serviço de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON).
A secretária municipal de saúde, Cristiani Silverio, ressaltou a perda de colaboradores na instituição, o que defasou o serviço de atendimento para a população de Assis e das 25 cidades, na qual a instituição é referência.
"A problemática foi encaminhada para o Conselho Municipal de Saúde, onde identificamos uma diminuição significativa de recursos humanos. São 33% de perda de colaboradores e faz com que, os trabalhadores que estão lá, tenham que atuar de forma exaustiva. Isso reflete nos serviços oferecidos, que começam a ficar precarizados", explicou.
O prefeito José Fernandes ressaltou que há anos Assis procura soluções e alternativas para o Hospital Regional, para evitar que chegasse a realidade vivida hoje. "Vemos um centro de saúde que é referência para a região, que presta um bom atendimento, no entanto, cada vez menos, e eu como prefeito, e as outras autoridades aqui presentes, não podemos ficar de braços cruzados".
A ideia da reunião é levar ao governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e ao secretário de saúde do estado, Eleuses Paiva, propostas de viabilização do hospital. "Com a ajuda dos deputados poderemos chegar às autoridades estaduais e conquistar novamente o pleno funcionamento do HRA", pontuou o prefeito José Fernandes.
A deputada estadual, Daniele Alonso, do partido Liberal, esteve presente na reunião e destacou a importância de levar a pauta para São Paulo.
"A saúde é necessidade primordial de qualquer cidadão e vemos aqui em Assis um hospital que precisa de suporte e um olhar diferenciado, por isso vamos unir forças e construir essa política de diálogos com tantas autoridades e olhar com atenção ao Hospital Regional de Assis", destacou.
Esteve presente também o promotor de justiça do Ministério Público, Sergio Campanharo, que falou sobre a falta de vagas para os pacientes que precisam de internações no HR.
"Esse é um problema muito grave, o paciente muitas vezes fica na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e precisa de um encaminhamento para a vaga de internação e a família precisa recorrer à promotoria para obter a vaga. Isso não é o sistema ideal, é necessário que esse paciente consiga a vaga com a maior brevidade possível para que possa receber o tratamento necessário indicado pelo médico", pontuou.
O promotor ainda esclareceu que a Prefeitura tem como obrigação garantir o atendimento de saúde da atenção básica, e pela divisão de competências da saúde do estado, o Hospital Regional de Assis é um instrumento que atua na média complexidade, de forma regional.
O prefeito de Tarumã e ex-presidente do Consórcio Municipal do Vale do Paranapanema (CIVAP), Oscar Gozzi, ressaltou o trabalho que já havia sido feito pelo CIVAP, solicitando melhorias investimentos para o HRA.
"Nós realizamos um diagnóstico, um debate, com lideranças, com a diretoria do hospital, com secretários municipais de saúde e apresentamos isso ao governo do estado. Agora fazemos novamente uma atualização e encaminhamos novamente um plano de ação que decidirá o futuro do Hospital Regional", pontuou.
Por fim o prefeito de Pedrinhas Paulista, Freddie Nicolau, também destacou a importância da instituição para a região, e falou sobre as demandas de cirurgias eletivas, que segundo os dados apresentados foram de 2.524, e 2019, para 1.076, em 2022.
"Dois motivos tornam essa reunião importante, primeiramente porque ela tem o objetivo de levantar todas as dificuldades do hospital e frente a isso, vai elaborar e apresentar o plano de ação, levando em conta as dificuldades em comum que as cidades têm, fazendo com que chegue em nossas autoridades estaduais", pontuou.
Durante a reunião ainda foram apresentados os números de cirurgias realizadas pela UNACON, em 2016, eram realizadas 3,5 cirurgias ao mês e procedimentos quimioterápicos, já em 2022, apenas 26 foram realizadas no HRA.
O Hospital Regional de Assis iniciou suas atividades na cidade em 1991 e hoje é retaguarda hospitalar essencial para 25 municípios das regiões de Assis e Ourinhos, ligados a DRS-IX de Marília, sendo que 15 desse não tem hospital.
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