Clube Recreativo: palco dos melhores bailes de carnaval do interior
A inspiração de Mosquito foi trazer o Carnaval do Rio de Janeiro, o principal da época, para o interior de São Paulo.
Fernando Nascimento
- 21/04/23
- 10:00
- Atualizado há 82 semanas
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Nada como um feriado para relembrar os grandes eventos realizados no inesquecível Clube Recreativo de Assis. Durante quase 100 anos, o Palácio de Vidro foi um dos endereços mais tradicionais (e festivos) de nossa cidade, e o capítulo de hoje vai contar um pouco desta história.
O mais antigo clube da cidade foi fundado em 19 de setembro de 1921, em mais uma iniciativa do juiz Vasco Joaquim Smith de Vasconcelos, que doou o terreno, no coração de Assis, para a instalação do primeiro prédio. Ele foi o primeiro presidente do clube e, anos depois, também foi imortalizado com o nome da rua onde foi construído.
As festas assisenses nunca mais seriam as mesmas. Homens e mulheres com seus smokings e longos vestidos desfilavam nos bailes de formatura, festas de casamentos, chás beneficentes, concursos de beleza e bingos, ao som da Orquestra Mantovani.
Bingos, aliás, responsáveis por arrecadar recursos (excedentes, por sinal) para a mais ousada empreitada do Clube: sua nova sede, o Palácio de Vidro, com uma arquitetura arrojada e moderna, criada pelo arquiteto João Walter Toscano, um dos mais famosos profissionais brasileiros da época, construída em tempo recorde.
A sede nova possibilitou a realização de eventos, musicais e teatrais, ainda maiores. Pisaram em seu palco nomes como Billy Vaughan & Orchestra, Vanderleia (acompanhada pelo Mac Rybell), Chico Anysio, Tony Ramos, Paulo Autran, Arlete Salles e Tônia Carrero, entre outros.
Mas, não é possível falar do Clube Recreativo, sem citar os grandes bailes de carnaval das décadas de 60, 70 e 80. Em fevereiro de 2021, o Assiscity teve o privilégio de bater um papo com o saudoso William Homse "Mosquito", que por vários anos presidiu o clube e, na ocasião, contou como eram os preparativos para os eventos. Leia, a seguir, alguns trechos da entrevista.
"Eram 4 meses de estudos e preparação para realizar o Carnaval do Clube Recreativo. Meu ponto forte era o capricho na decoração e a logística para evitar brigas durante o evento, por se tratar de uma festa familiar".
"Não tinha concorrentes, uma vez que os outros clubes da cidade não faziam festas como as nossas. A decoração era nosso carro-chefe. Brinco que até aqueles que chegavam bêbados já melhoravam logo ao entrarem para ver nossa decoração".
A inspiração de Mosquito foi trazer o Carnaval do Rio de Janeiro, o principal da época, para o interior de São Paulo. O Clube recebia aproximadamente 3 mil pessoas durante as festas e com todo esse sucesso teve que sair da quadra para o salão principal. Com um espaço mais amplo, Mosquito focou ainda mais na decoração, algo que considerava o ponto chave do sucesso do evento e afastava a concorrência.
Os concursos de fantasias eram um dos pontos altos da festa, que fazia com que os participantes se empenhassem, em busca dos prêmios, na confecção de trajes típicos, alegres e coloridos.
As matinês, faziam a alegria da criançada e, a parte musical também era especial, sempre com bandas de renome alegrando os participantes. Famílias inteiras se divertiam nos bailes que, segundo muitos, não deixavam a desejar em relação aos de grandes clubes do Rio de Janeiro e São Paulo.
No final dos anos 80, o clube começou a seguir um triste fenômeno de várias cidades do Brasil: o esvaziamento. Bandas de baile e orquestras gradativamente foram silenciadas. As gerações que chegavam, já com outras formas de diversão, frequentava bem menos o clube. A década passada, marcou o fim das atividades festivas do clube, influenciado ainda mais pela pandemia da Covid-19.
Quem participou de eventos no Clube Recreativo de Assis certamente nutre ótimas lembranças da diversão e, até mesmo, das histórias de amor vividas. Bons tempos!
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