Buscar no site

Assis e os conflitos armados

Dizem que estudar História serve, entre outras coisas, para aprendermos com os erros do passado e tentarmos não repeti-los no futuro

Fernando Nascimento

  • 17/04/23
  • 10:00
  • Atualizado há 83 semanas

44/118

No capítulo de hoje, sairemos do tema histórias de amor, para falarmos sobre algumas guerras, e a participação que Assis teve nelas. Dizem que estudar História serve, entre outras coisas, para aprendermos com os erros do passado e tentarmos não repeti-los no futuro. Às vezes, temos que falar sobre assuntos que não fazem bem, mas são necessários. Questão de opinião, guerras quase sempre são deflagradas para satisfazer ao ego de alguém. Ainda que os fins sejam aceitáveis, os meios, na maioria das vezes, são injustificáveis. Mas,como nosso especial fala sobre acontecimentos, e que alguns fogem de nosso controle, vamos nos ater a narrá-los.

Na década de 1920, ocorreu a chamada Revolta de 1924. Considerada a maior batalha urbana da América Latina, foi um levante militar organizado por jovens oficiais do Exército que faziam parte do Tenentismo, liderados pelo general Isidoro Dias Lopes. Os rebeldes pretendiam derrubar o governo do presidente Artur Bernardes, pois não estavam contentes com os rumos tomados pelos civis enquanto líderes da república brasileira.

Divulgação - Especial Assis 118 anos - Foto: Divulgação
Especial Assis 118 anos - Foto: Divulgação

A revolta aconteceu em São Paulo, e durou 23 dias, de 5 a 28 de julho. A capital foi severamente bombardeada, o que causou a derrota dos revoltosos. Logo após perderem a batalha contra as tropas governistas, se reuniram em torno do tenente Luís Carlos Prestes e organizaram a Coluna Prestes, que percorreu o interior do estado e do Brasil denunciando os desmandos da República Velha.

As forças do General Izidoro passaram por aqui, devido à posição estratégica da cidade e à presença da EFS. Ficaram por um pequeno período, mas mantiveram acesos os ideais da Revolução, com publicações de um jornal revolucionário chamado "O Libertador", impresso na cidade.

Uma segunda participação assisense em conflitos armados ocorreu durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Foi um confronto armado entre forças majoritariamente paulistas contra o governo de Getúlio Vargas, que havia ascendido por meio da Revolução de 1930, causada por insatisfações, como a perda do protagonismo político paulista e o enfraquecimento de uma economia baseada no setor agrário.

Divulgação - Monumento - Foto: Divulgação
Monumento - Foto: Divulgação

São Paulo desejava a organização de uma nova Constituição, o que o governo provisório de Vargas não queria, e contava com o apoio de setores oligárquicos de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Após a morte, por forças ilegais do governo, de quatro estudantes, de nomes Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o movimento MMDC surgiu e, em 09 de julho de 1932, iniciaram-se os ataques ao governo de Getúlio. Mais uma vez, o estado foi derrotado militarmente, com o fim da revolução em 1ª de outubro do mesmo ano, com mais de 600 mortes.

Novamente devido à sua posição geográfica, Assis foi sede do Batalhão de Zona. Armas, alimentos e muitos outros recursos foram fornecidos por aqui. Inúmeros assisenses voluntariaram-se na causa, entre eles, nomes como o do tenente José Nogueira Marmontel e o major José de Camargo, futuros prefeitos da cidade, conforme informações do livro "Conto, Canto e Encanto com a minha História - Assis", de Maria das Graças de Maio, Mário Rudolf e Oscar D' Ambrosio, de 2004.

Divulgação

Assisenses também participaram da Segunda Guerra Mundial, integrantes da Força Expedicionária Brasileira, contra o Nazismo. Os nomes dos 29 combatentes estão em um monumento na Praça Arlindo Luz.

Por fim, há suspeitas de que o médico nazista Josef Mengele, torturador responsável pelas câmars de gás e diversas outras atrocidades, comandadas por Adolf Hitler, e conhecido com "Anjo da Morte", refugiou-se em Assis, anos após conflito. Com o nome fictício de Pedro, ele teria permanecido na Casa da Criança Dom Antonio José dos Santos (logo falaremos deles por aqui) por cinco meses, no ano de 1970, como jardineiro e responsável por pequenos serviços, recebendo apenas alimentação e ajuda de custo. Homem simples, de poucas palavras e muito prestativo, talvez como remorso de tantos horrores que causou. Cerca de 5 meses após chegar, o foragido e criminoso de guerra, desapareceu, a bordo de um carro que veio buscá-lo em uma madrugada chuvosa.

Após a exumação de seu corpo, anos depois, em 1985, (morrera em 1979), confirmou-se sua identidade e as irmãs da Casa o reconheceram como o jardineiro que aqui esteve disfarçado, fato amplamente divulgado pelos jornais da época. Mengele, além de Assis, passou por outras cidades e países da América do Sul.

Divulgação

Confira um vídeo sobre este fato:

História que, se não de amor, demonstram a importância de nossa cidade em eventos tristes, que marcaram época e mudaram a vida de muitas pessoas. E que nos fazem olhar para o futuro, esperançosos de que não tenhamos mais participações históricas em acontecimentos deste porte.

Uma ótima semana para todos nós, e até amanhã, com um capítulo mais leve.

Receba nossas notícias em primeira mão!

Veja também
Ver todas as notícias
Mais lidas
Ver todas as notícias locais
Colunistas Blog Podcast
Ver todos os artigos