Por Kalill Dib
Um filme americanizado, de ternura, loucuras e tristezas, era o programa íntimo daquela fatídica noite fria. De um lado o amor, do outro o romance. E deitados na espaçosa cama, apertados de propósito, o casal da vida se deliciava por um sentimento. Incontrolavelmente ele e um beijo na nuca, um abraço apertado. Tudo correspondido pela donzela dos sonhos mais bem sonhados.
Nas cenas de Hollywood a mocinha chora por um considerável momento triste. E nas cenas da noite, o romântico truculento afaga as lágrimas espontâneas de seu par. Tudo como um roteiro planejado por diretores mais bem conceituados no ramo de histórias com destinos.
O enredo do filme era mais do mesmo. Sempre a princesa chorona e feliz que encontra dificilmente o tão esperado amor. E na trama da vida, o espontâneo sorriso e o anseio de amar fazia o tempo se perder, como numa função de controle remoto.
No começo, tudo bem. Atores conhecidos, admirados. A história parecia valer a pena. Naquele dia a vontade de se apaixonar mais ainda e se entreter numa noite impar, imperavam nos pensamentos do casal extasiado.
Enquanto a canção planejada, no momento deprimido do filme, era entoada, a princesa real encosta sua cabeça em qualquer parte de seu amor, como se estivesse precisando de proteção. E ele faz um carinho sincero nos cabelos naturais de sua inocente.
A chuva cai vagarosa dentro da tela e curiosamente toca a janela do quarto quieto. A cena alegre tira um sorriso meio combinado dos espectadores, que não se limitam à inocência de u longa feito para isso.
A mocinha conhece seu preterido. E um suspiro profundo denuncia a igualdade nos corações do jovem casal de pombos. A vida dos personagens se desenrola como aquilo que já era esperado.
Quando o canalha marido faz a sua companheira sofrer, tira um comentário romancista da namorada observadora. Quase tão natural quanto um beliscão no garoto distraído ao ver a linda atriz principal se despindo lentamente, em uma das malícias hollywoodianas.
E no momento do ensaiado beijo romântico sob a forte chuva, o mesmo ato faz a noite amolecer e quase o filme ficar para depois. Porém, o final previsível do drama estava perto, prendendo a atenção do casal de espectadores.
E o final não podia ser assim...
Os olhos se encheram de lágrimas e alguns comentários inconformados foram feitos. O príncipe do filme foi embora dessa vida, a donzela se viu sozinha e esperou o tempo passar, tão triste e deslumbrada com o seu destino.
Os créditos já subiam com a linda música de fundo. O namorado se vira e os olhares se elogiam, conversam e refletem uma pabøão. Com aquela frase que um dia disseram significar alguma coisa, a linda princesa da vida real só pensa em dizer, tão sincera e certa: "Eu te amo". E num ato que podia ser encenado por intérpretes. O entrelaçar das mãos e um beijo com o coração, antes da cena picante e romântica de um casal feito por um amor verdadeiro. Como nos programas realizados em dias chuvosos. Ou um filme e você.
Por Kallil Dib