Por Kalill Dib
Já me acostumei a ouvir que se o fato foi noticiado no 'Jornal Nacional', então aquilo é inquestionável. Porém, eu sei que não é bem assim que a banda toca. Mas entendo a ideia de realidade da grande massa da população.
Seria incomum a sociedade questionar os acontecimentos noticiados pelas grandes mídias. Essas potências dominam sem qualquer restrição o interesse público e não dão margem para contestações. Afinal, o poder de passar a notícia da maneira que bem entendem e definirem gostos e costumes é evidente, isso acontece há algum tempo. E não estou falando apenas do meio televisivo.
Com o avanço do acesso a internet as grandes emissoras de comunicação encontraram mais um meio viável para doutrinar os indivíduos. Essa ferramenta esta cada vez mais acessível, assim se torna um meio visível e muitas vezes incontestável. Com isso a rede mundial de computadores se torna aliada do rádio, jornal impresso e televisão, para mudar a opinião pública e deixar evidentes seus valores e ideais.
Mas não me atrevo a colocar essa culpa de doutrina e fácil manipulação nos espectadores e sociedade. Quem tem acesso a informações diferentes e que possam contestar as potências midiáticas, são privilegiados. O interesse público não está nas questões ligadas à realidade do fato, a grande maioria da população não se interessa em saber o que realmente acontece antes das notícias serem veiculadas.
Enquanto jornalista em formação e privilegiado por ter acesso a esses elementos contestadores, a única maneira que vejo para um dia as pessoas questionarem as potências e talvez mudarem a maneira de como é transmitida a notícia no Brasil, é a educação.
Mas o ensino no país é vitima de um monopólio. A mídia está diretamente ligada, e muitas vezes aliada, ao governo. E o governo comanda a educação. Portanto, é inimaginável aplicar um conteúdo nas salas de aula que conteste todo esse monopólio de informação.
Levando em conta esse conceito, não é exagero avaliar que ainda vamos percorrer um longo caminho para mudar essa realidade. Caminho que começa a ser construído por nós, privilegiados.
Ingressar no curso superior origina uma série de visões de extrema importância e nos faz ter o mínimo de conhecimento para questionar e transmitir uma posição concreta aos leigos. Para que isso aconteça usamos todos os meios cabíveis (artigos, documentários e discussões), e batemos de frente com a elite, tentando mudar esse conceito midiático.
Não estou tratando os meios de comunicação como se fossem algo perdido e que não acrescentam em nada na rotina das pessoas. Mas com raras exceções isso acontece. E aqueles que desfrutam uma maneira contundente de comunicação são ainda mais distintos. São pessoas que tem acesso a meios pagos: canais de televisão, revistas e jornais não politizados. Enquanto a grande massa da população é manipulada pelos grandes poderes, culturais, governamentais e até religiosos.
Chegamos, enfim, a uma conclusão que eu não arriscaria contestar. O interesse público é formado, e estritamente formado, por esses poderes. A população não tem subsídio e nem conhecimento para contradizer aquilo que assistem, escutam e lêem.
Porém estamos trabalhando e estudando para um dia mudar essa realidade. Afinal, ainda não manipularam os nossos sonhos.
Por Kallil Dib