1, 2, 3 passinhos. Um sorriso banguela com dois dentes à mostra, cabelos curtos - enrolados
apenas atrás - ao vento, e pezinhos de pão que tentam se manter firmes naquele chão frio. Ela
começa a caminhar...
A felicidade é imensa, parece que descobriu outro mundo além dos colos carinhosos por onde
já passou. Tem ainda a vantagem de pedir que a peguem quando suas pernas com dobras em
toda parte se cansam. Mas não repousa tão fácil assim. Cansam mais os adultos, tão calejados
de andar por aí. "Eles que agora corram atrás de mim", deve pensar.
Ela está descobrindo cada sentido dessa vida e isso é uma explosão de sentimentos que nasce
em meu coração. A alegria dela em mim é multiplicada em milhões de vezes, somada ao
infinito e igualada a eternidade.
As mãos que a incentivam para que continue descobrindo seus passos, são as mesmas que
sempre (e depois, se existir), irão acarinhar seu rosto, afagar suas lágrimas, acalmar seus
medos. É um sorriso a cada passo curto. Ela começa a caminhar, tem receio, às vezes assusta,
outras desembesta, pega confiança e sai andando até descobrir que o caminho é mais longo
do que pensava.
Ainda não sabe o tamanho dos caminhos dessa vida. Não imagina que nem tudo aqui é feito
de afago e que neste caminho que começa a descobrir terá que enfrentar pedras e espinhos.
Porém, já sabe que, como agora, terá alguém para se amparar quando a dificuldade aparecer.
Os primeiros passos dela até parecem que também são os meus. Na verdade, eles são! Agora é que comecei a caminhar, andar por um sentido, passo a passo atrás de qualquer razão que
possa dar a ela todo conforto, amor e carinho que um dia eu também recebi.
Pequenina, pede auxílio para não se esborrachar no chão. Eu estou lá para ajudá-la. E assim
farei, até quando ela começar a caminhar sozinha.