Curiosidades entre a peste negra e o coronavírus
COLUNISTA - Elda Jabur
Durante este período, o grande conquistador árabe, o Khan Jani Beg, movido por extrema ganância, fez um cerco à colônia de Caffa, em Gênova. A peste estava no auge. Os sitiantes foram contaminados antes de se retirarem. Eles catapultaram os cadáveres infectados para o interior das muralhas. Na cidade morreram tantos que eram queimados em piras. Não havia mão-de-obra para enterrá-los. O grande Cã, faleceu logo após, em 1457.
Uma das maiores dificuldades: a sepultura.
A terra junto às igrejas era considerada sagrada e já não era suficiente para tantos mortos. Daí surgiram os cemitérios.
Hoje ,vemos os romanos enterrarem seus mortos longe da capital. As famílias não podem velar seus parentes. Nos EUA o Trunp determinou que os mortos sejam jogados em valas comuns, sem nenhuma identificação.
Durante a peste negra, a melhor arma era o isolamento, assim como deve ser hoje, após tantos séculos .Os mais abastados deixavam as cidades e iam para o campo.
Para evitar o contágio.
Devam praticar a castidade, não ficar em lugares abertos , e manter as casas limpas, o que não era hábito.
Relacionavam e doença a castigos de Deus. A história mostra como isso veio depois a manifestar-se contra os supostos feiticeiros e bruxa. Infelizmente crenças que perduram em nossos dias e fazem parte do inconsciente coletivo. Basta verificar quanto preconceito
de igualdade de todos perante a morte.
Predominava a incerteza do amanhã. Ocorreu uma crise voltada contra a igreja, pois as preces não eram atendidas. Disse Bocaccio:" Os homens se evitavam e os parentes eram distanciados. Irmãos eram esquecidos, marido pela mulher e até pais e mães abandonavam os filhos...".
A atmosfera era opressora existe entre as pessoas por causa da religião.
Estabelece-se uma cultura da morte.
Isso gerou um sentimento, espetáculo de desolação e cenário apocalíptico.
Conseguimos enxergar algumas semelhanças com a atual pandemia?
Num dos contos muitos interessantes: "A Máscara da Morte Vermelha".
Os cortesão de um príncipe , reclusos durante alguns meses, comem, bebem fartamente e se divertem com espetáculos. Num certo baile de máscaras, aparece no meio do salão "uma figura escarlate, a Morte em pessoa"
O que está acontecendo na maioria das nossas cidades?
As pessoas estão em férias forçadas e passam o dia bebendo nos bares, sem nenhum isolamento social. As regras impostas pelas autoridades da saúde são ignoradas.
Bocaccio descreve as festas referidas como "um lugar não real e limitado a um grupo social privilegiado".
Hoje, estamos vendo uma febre generalizada de boas ações.
Bilionários estão abrindo os cofres e distribuindo dinheiro. Coisa nunca vista antes. Será a vontade de garantir um pedacinho no céu como acontecia com a compra de indulgências dos membros da igreja no início da Idade Moderna?
Ou o medo que a doença se espalhe diante da miséria de milhões de brasileiros?
Tomara esse surto de generosidade perdure e não exista mais fome em nenhum lugar da terra.
Que sejamos verdadeiramente iguais: brancos, negros, índios e amarelos.
Que todo tipo de preconceito desapareça definitivamente.
Que todos os bens produzidos sejam distribuídos de forma igualitária.
Que todos tenham casa decente, com a infra estrutura necessária.
Que haja cultura e estudo para todos.
Que a natureza seja finalmente respeitada.
Nunca houve algo como agora.
O mundo teve que parar para toda a humanidade refletir e mudar seus padrões de comportamento.
O nosso planeta é azul, lindo, único e maravilhoso.
Saudemos a todos, à água, o céu, as estrelas , os pássaros , todas as plantas e os animais.
Assim seja.