Buscar no site

Alexandre, o assassino de Pâmela

Kallil Dib

  • 13/09/13
  • 07:00
  • Atualizado há 591 semanas

*Por Kallil Dib

"Acusado de matar a ex-namorada grávida se enforca dentro da cadeia" foi essa a notícia que movimentou a quinta-feira, dia 12 de setembro. O rapaz de 25 anos, acusado de matar a ex namorada de 16 anos e grávida de 8 meses, foi encontrado morto na cadeia pública de Lutécia. Mas, pra mim, ele já estava morto há muito tempo.

Ele morreu quando pensou pela primeira vez em praticar o assassinato: matou duas vidas, e então, desfaleceu. Não sou capaz de julgar qualquer pessoa, e nem a mim mesmo, mas alimento preceitos que certamente devem ser levados em consideração, antes de um homem de 25 anos tirar a vida da 'mulher amada'. Alexandre morreu antes mesmo de matá-la.

Em seu depoimento à Polícia Militar, o jovem chegou a falar em arrependimento. Assim, nos deparamos com certa ironia: ele se arrependeu de matá-los (mulher e filho), ou de conhecer Pâmela? Arrependida, certamente, está a família da garota por não ter conhecido antes quem realmente era o namorado da filha. O difícil é pensar que quando digo 'filha' me refiro a uma adolescente de 16 anos.

Alexandre, apodrecendo ou já apodrecido, disse ter se arrependido, talvez considerando que essa afirmação aliviasse a condenação que iria receber. E como nesse país não existe lei, o fato de o rapaz nunca ter cometido um ato inflacionário poderia aliviar a sua condenação. Porém, antes da justiça do homem, Alexandre foi condenado por sua alma, por seu consciente. E para a outra justiça - a justiça divina, a moral, a social- não existe arrependimento que apague e nem que ao menos alivie a consequência de um ato desesperado e desastroso de "amor".

Sim, "amor", foi esse o termo usado por muitas pessoas, na tentativa de encontrar alguma razão para tamanha barbárie. Ouvindo essas argumentações, o meu maior temor é de que as pessoas desse mundo comecem a "amar" como Alexandre. Deve-se entender que o amor não mata! O amor não morre e não engana! O amor entende, cobiça? Sim, claro! Mas, se não acontecer, o amor faz recomeçar e se amar novamente. E se acaso Alexandre matou Pâmela e tempos depois se matou, não foi por amor, mas foi por falta dele.

Não gostaria aqui de entrar em nenhum detalhe sobre o fato ocorrido no final da tarde de domingo, dia 18 de agosto, pois todos os meios de comunicação já noticiaram e 're-noticiaram' o que aconteceu. Apenas me expresso entendendo que a dor da família que perdeu uma jovem menina e uma criança que estava prestes a ver o sol pela primeira vez, não irá passar. Nem por amor e nem por arrependimento.

E acredito, enfim, que se a intenção de Alexandre ao se matar fosse aliviar a sua dor, certamente ele irá descobrir em algum lugar, que existe uma justiça bem maior do que a do homem, e que não há amor e nem arrependimento que pague a sua condenação.

Kallil Dib - Jornalista

www.kallildib.com

Receba nossas notícias em primeira mão!

Mais lidas
Ver todas as notícias locais
Colunistas Blog Podcast
Ver todos os artigos