Monsenhor Floriano, a memória viva de Assis
Após completar 90 anos em 2016, ele conta sobre como foi ver a cidade surgir e se desenvolver
Quem vê o Monsenhor Floriano de Oliveira Garcez com seus passos curtos não imagina o quanto seus pés já andaram. Aos 90 anos, comemorados no dia 10 de fevereiro deste ano, ele é a memória viva de Assis e conta pacientemente como foi ver a cidade nascer e se desenvolver durante todos esses anos.
"Meu pai, o engenheiro eletricista Pedro de Freitas Garcez, foi uma das grandes figuras que ajudaram na construção de Assis. Em uma época em que o Estado de São Paulo ainda estava sendo desbravado, ele foi um dos responsáveis pela construção da ferrovia Sorocabana. A região era habitada por índios e ele chegou até mesmo a negociar com eles para que as obras fossem possíveis", afirma.
Pedroca, como era conhecido, era subempreiteiro da ferrovia e acompanhou seu trajeto até o Porto Tibiriçá, hoje Porto Epitácio.
Nascido em Assis pelas mãos de uma parteira, Monsenhor Floriano morava em uma casa localizada na Avenida Rui Barbosa, 525. Seu pai faleceu em 1930, quando ele tinha apenas quatro anos de idade, mas as histórias de Assis não deixaram de fazer parte da sua vida.
"Naquela época não havia energia elétrica nem qualquer outra fonte de informação rápida. Lembro-me da gente sentado no final da tarde ouvindo as histórias que minha mãe, Judith de Oliveira Garcez, nos contava. Mamãe foi a primeira professora da cidade, responsável pela classe feminina, já que naquela época as salas não eram mistas. Ela chegou a organizar uma festa, cuja entrada era a matrícula das crianças na escola, tudo para poder ensiná-las", conta.
A escola onde a professora Judith lecionava foi inaugurada em 1917 e chamava-se "Escola Isolada de Assis", que mais tarde teria o nome mudado para Grupo Escolar "João Mendes Júnior".
Monsenhor Floriano foi ordenado padre na antiga Catedral no dia 7 de dezembro de 1952, pelo Bispo Dom Antônio José dos Santos e o então Bispo Coadjutor, Dom José Lázaro Neves. Com a nomeação, Monsenhor passou a sero primeiro padre Diocesano de Assis.
Em 1956, foi nomeado Vigário Geral e, entre muitas realizações, ajudou na construção da Casa das Meninas, da qual é co-fundador. Ele também foi o responsável pela construção do Seminário São José, do qual foi o primeiro professor e também reitor, além da atual Igreja Matriz Catedral, onde foi vigário de 1967 a 2002.
Após 25 anos de sacerdócio, Floriano foi nomeado Monsenhor e recebeu o título de "Camareiro Secreto e Antistete Rurae", pelo Papa Paulo XI. Em 1992, ele recebeu o título de "Protonotario Apostólico", das mãos do Papa João Paulo II.
Dentre todas as suas iniciativas para o desenvolvimento de Assis e sua população, Monsenhor Floriano fez a doação do prédio da primeira residência Garcez, no final dos anos 60. Atualmente, o espaço tornou-se o Museu Histórico de Assis, conhecida como a "Casa de Taipa", localizada na Rua Palmares, no Centro da cidade.
Monsenhor Floriano também foi provedor da Santa Casa, diretor espiritual Diocesano do Cursinho da Cristandade, fundador e presidente da Cáritas Diocesana e diretor Diocesano do Encontro de Casais com Cristo (ECC).
Em 2016, ano de comemoração de seus 90 anos, a comunidade se reuniu para realizar uma grande festa na ACIA.
Com 63 anos de sacerdócio, Monsenhor Floriano segue realizando diversos serviços à comunidade, como o leilão de gado para angariar recursos para a Casa da Menina. Meses antes, ele inicia sua peregrinação pela zona rural da região arrecadando cabeças de gado para o evento. Monsenhor também continua celebrando missas na capela da Santa Casa de Misericórdia.
Sobre a história de Assis, Monsenhor Floriano é um dos poucos que vivenciou e que ainda pode contar. Segundo ele, Assis não faz 111 anos, neste 1º de julho. "As pessoas falam que Assis tem 111 anos, mas isso não procede. Contam como sendo de 1905, enquanto na verdade, as terras foram doadas em 1905, mas a emancipação de Assis se deu somente em 1917. O centenário de Assis foi comemorado em 2005, e eu acho que o prefeito quis puxar sardinha pro seu lado, mas nós vamos comemorar o centenário de Assis em 2017. Tenho documentos que comprovam isso", declara Monsenhor.
Monsenhor Floriano de Oliveira Garcez