"Somos um instrumento de Deus e para salvar vidas tivemos que nos reinventar", diz o médico infectologista Paulo Eduardo Freitas
Ele trabalha na Santa Casa de Assis, no Hospital Regional de Assis e Prefeitura de Assis, como plantonista, e ainda é coordenador médico da UPA
A partir de hoje o Portal AssiCity, em parceria com a Santa Casa de Assis, apresenta os heróis da pandemia da instituição, que vão representar profissionais da saúde do Brasil e do mundo que estão na linha de frente no combate à COVID-19. São eles que arriscam suas vidas, afastam-se de seus familiares, fazem horas e horas de plantões e vibram quando salvam vidas.
O primeiro herói da pandemia é o médico infectologista Dr. Paulo Eduardo Freitas.
O médico infectologista Paulo Eduardo Freitas, de 50 anos, após concluir a faculdade de Farmácia decidiu que seu sonho de criança, sem influência dos pais, deveria se tornar realidade. Mas, nunca imaginou que depois de 8 anos formado em Medicina, enfrentaria um momento tão difícil na história da humanidade.
Casado, pai de dois filhos, Isabella de 16 anos e Felipe de 8, ele considera a Medicina "um dom dado por Deus para aliviar o sofrimento e a dor do próximo", hoje trabalha horas e mais horas e fala como é atuar na linha de frente dessa pandemia.
"Atuar como médico na linha de frente dessa pandemia significa ter medo de se contaminar e passar essa doença para a família. Mas é preciso ter coragem e tentar amenizar o sofrimento das pessoas. É triste ver uma pessoa agonizando por falta de ar e às vezes não ter o que fazer mesmo tentando tudo o que estiver ao seu alcance. Sinto isso em mim e nos meus colegas", relata.
Dr. Paulo fala também do maior desafio dos profissionais de saúde nesse momento: "Acredito que nosso maior desafio é reinventar os conceitos da medicina diante de uma doença nova. Isso talvez explique a capacidade do ser humano em se adaptar e a própria evolução da espécie".
O médico, que tem uma jornada pesada, trabalha na Santa Casa de Assis, no Hospital Regional de Assis, como plantonista, e ainda é coordenador médico da UPA, e plantonista da Prefeitura de Assis, diz que jamais imaginou viver isso. "Nunca imaginei ver isso. Tudo muito novo, não tínhamos estrutura física, medicamentos", relata.
Para ele, salvar vidas é um propósito de Deus e se enche de alegria ao ver um paciente ter alta: "Somos um instrumento na mão de Deus. Além de medicações e oxigênio, temos que dar esperança aos pacientes. Digo a eles, quando dou alta 'Você é um vencedor, vida que segue'. Por outro lado, dói na alma ver tantas vidas perdidas, mas temos que ser fortes e não passarmos nossas aflições aos pacientes e à nossa equipe".
O médico lamenta a população não contribuir para cessar a pandemia e aliviar profissionais de saúde da linha de frente: "a população poderia ter ajudado mais. A saída para uma festa, até entre famílias, pode representar levar a doença para pais, avós. Presenciei muito isso desde fevereiro do ano passado".
Sobre uma jornada de muitas horas e o pouco tempo de convívio com a família e com as pessoas que ama, o médico infectologista diz: "Fico muito tempo longe de meus filhos e tenho muito medo de voltar para casa e contaminá-los. O medo de contaminar filhos, mãe, pai é terrível. Triste não ver minha mãe pessoalmente por meses. Deus nos proteja e nos dê força pra continuar".
Nos próximos dias vamos trazer mais heróis da pandemia da Santa Casa de Assis das diversas áreas, médicos, enfermeiros, limpeza, acompanhe.