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Profissionais liberais de Assis sentem impacto da crise econômica durante pandemia do Coronavírus

Diferentes setores estão preocupados com o futuro após suspensão dos serviços não essenciais

Redação AssisCity/ Foto: Divulgação

  • 27/03/20
  • 16:00
  • Atualizado há 244 semanas

A pandemia do Coronavírus gerou reflexos não apenas na saúde da população, mas também no aspecto econômico mundial. Em Assis, diversos profissionais liberais têm manifestado preocupação em relação aos próximos meses, já que muitos serviços precisaram ser suspensos ou cancelados.

A fotógrafa Elisa Melo, que tem um estúdio em Assis, disse que está pensando em alternativas para minimizar os prejuízos.

"Eu trabalho em contato direto com as pessoas, inclusive com recém-nascidos, já que faço ensaios de new born e acompanhamentos. Com as recomendações de isolamento social e suspensão dos serviços não essenciais, estou me virando como posso, mas com certeza o impacto já é muito grande", afirma.

Segundo Elisa, ela havia feito um grande investimento para a Páscoa e não esperava que a situação chegasse a esse ponto crítico.

Divulgação - Elisa Melo trabalha com ensaios fotográficos e está elaborando alternativas para minimizar os prejuízos
Elisa Melo trabalha com ensaios fotográficos e está elaborando alternativas para minimizar os prejuízos

"Vamos ver como será a partir de abril. Eu tinha bastante trabalho previsto para o mês, por conta dos mini ensaios de Páscoa, mas agora não sei nem se vou conseguir pagar o aluguel. Estou fazendo um pacote como uma espécie de investimento futuro, inclusive para os álbuns, com entrada e o restante para 60 dias, quando for confeccionar", acrescenta.

Já o senhor Camilo Vieira, que trabalha como motorista do aplicativo Uber, disse que viu o número de corridas diminuir bastante nos últimos dias.

"Eu parei de rodar há uns 15 dias, porque minha idade não é favorável. Completei 69 anos nesta terça-feira e estou no grupo de risco, então preferi me resguardar, além de proteger também os passageiros. Mas os meus colegas têm me relatado que o movimento diminuiu bastante, porque ninguém viaja, o movimento das rodoviárias parou e todo mundo está em casa, respeitando o isolamento social", diz.

Divulgação - Sr. Camilo trabalha como motorista do Uber e se afastou do trabalho há cerca de 15 dias
Sr. Camilo trabalha como motorista do Uber e se afastou do trabalho há cerca de 15 dias

Segundo Camilo, a preocupação é grande, já que o comércio parado diminui a arrecadação.

"É um movimento em cadeia, porque o pessoal de baixa renda começa a passar necessidade, o pequeno empresário vai demitir funcionários, e por ai vai. Estou muito triste com esta situação. Sou aposentado e minha esposa trabalha no Fórum, mas perdi muitos benefícios com a aposentadoria e ainda pago aluguel. Os motoristas de aplicativo já estão sofrendo, pois diminui o número de corridas. Os pequenos comerciantes também estão sofrendo e com certeza se esta situação durar vai quebrar vários bares, restaurantes pequenos, lojinhas. A situação é incerta e nos deixa inseguros", acrescenta.

Lucas Gomes é proprietário de uma padaria em Assis e afirma que o movimento está baixo nos últimos dias, especialmente após a proibição de consumo nas dependências do estabelecimento.

Divulgação - Movimento da padaria de Lucas diminuiu após proibição de consumo nas dependências do estabelecimento
Movimento da padaria de Lucas diminuiu após proibição de consumo nas dependências do estabelecimento

"Minha padaria tem consumo diário dentro dela e agora foi proibido. Eu concordo com o presidente Bolsonaro, que culpa os governos estaduais e as prefeituras de causar o caos. Querem derrubá-lo do poder e para isso o povo vai sofrer. Até mesmo quem tem salário pago pelo governo irá perecer pela falta de trabalho da população. Eu tenho três pessoas da minha família para sustentar e estamos preocupados com o que vai acontecer. A medida adotada pelo governo federal e pela Câmara dos Deputados, em dar uma ajuda financeira, será muito bem vinda, pelo menos para pagar a água e luz do comércio", diz.

Divulgação - Local antes da pandemia do Coronavírus
Local antes da pandemia do Coronavírus

Patrícia Pereira é fisioterapeuta e trabalha como autônoma em Assis e região. Ela afirma que as medidas de auxílio ofertadas até o momento não são suficientes para diminuir a insegurança dos trabalhadores.

"Eu moro sozinha, pago aluguel, faço pós-graduação e pago minhas contas. Assim como muitas pessoas, se eu não trabalhar, eu não vivo. O governo apresentou uma série de medidas para 'ajudar', só que esse auxílio não vai chegar a todos e também não é o suficiente para todos. Imagine os vendedores ambulantes, que fazem parte da economia informal. A maior parte não tem registro e fico pensando como vão fazer quando precisarem de dinheiro para comer, pagar contas?", questiona.

Patrícia também pontua que é a favor da quarentena, mas precisa voltar a trabalhar porque as contas não param de chegar.

"Eu preciso voltar a trabalhar, pois infelizmente as contas continuam chegando. Se eu não pagar, as empresas vão falir, os empregados não vão receber e a situação vai se tornar uma bola de neve. Eu sou a favor da quarentena sim, só que não vejo outra solução no momento a não ser voltar a trabalhar. Vou ser julgada por quem não vive na minha pele e também por quem não vê os meus esforços diários. É fácil falar para ficar em casa, vejo muitos ficando e é necessário, é essencial. Se fosse só uma, duas ou três semanas, no final daria pra se ajustar. Só que não sabemos quanto tempo vai durar. Estou em casa há 7 dias, não está sendo fácil, pois as contas que assumi, eu preciso pagar e os boletos estão chegando. Imagina ficar o mês todo, dois meses e até três meses sem trabalhar? Eu volto semana que vem e espero que em breve tudo volte ao normal", desabafa.

A fisioterapeuta também diz que nunca vivenciou um período semelhante e espera que tudo passe logo.

"Só Deus sabe como está o coração de cada pessoa. Eu ainda não morro de fome, pois tenho de onde 'tirar' dinheiro e o que comer. Mas e quem não tem? Eu espero que tudo passe logo. Nunca vi um ano que começou já transformando nossas vidas de forma tão inesperada. Se você pode ficar em casa, tem seu dinheiro todo mês, só peço que ajude quem não tem. Não julgue tanto, ame mais. Saiba compreender que o momento que estamos passando é delicado para todos nós", finaliza.

Divulgação - Fisioterapeuta Patrícia Pereira também está enfrentando dificuldades durante pandemia
Fisioterapeuta Patrícia Pereira também está enfrentando dificuldades durante pandemia

Orientações e dicas para pequenos empresários

O Sebrae divulgou nesta semana que o Brasil conta com mais de 2,5 milhões de pequenos negócios no setor de varejo. A entidade manifestou que, mesmo com o decreto federal que determinou o fechamento de muitos desses estabelecimentos comerciais, existe um grande número deles ainda funcionando, autorizados pelos governos estaduais e municipais por abastecerem a população com itens básicos como alimentos, remédios, dentre outros de extrema necessidade.

Preocupado com esses negócios que estão em atuação, o Sebrae preparou uma série de dicas para os pequenos negócios que ainda permanecem abertos ao público. O gerente da Unidade de Competitividade do Sebrae, César Rissete, enfatiza que o cenário atual é inédito, inesperado e requer todos os cuidados para conter a crise.

"É um momento de alerta geral em todo o mundo, especialmente para os negócios que estão em funcionamento. Os empreendedores que tiverem dúvidas não podem hesitar em pedir ajuda, o Sebrae está totalmente mobilizado para atender às demandas", alertou.

Confira as dicas elaboradas para aqueles comércios que estão em funcionamento:

1º Proteja sua equipe: nesse momento de grande propagação do Coronavírus, é importante que todos os funcionários disponham de matérias de proteção, como álcool em gel, máscaras e luvas. Além disso, faça reuniões reforçando a necessidade de que sejam mantidos cuidados redobrados com a higiene pessoal. Seja o mais didático possível. A saúde da sua equipe é fundamental também para a saúde do seu negócio.

2º Reinvente seu negócio: caso ainda não trabalhe com vendas online e delivery essa é a hora de implementar o serviço. Uma comunicação direta e objetiva nas redes sociais será fundamental para divulgar a novidade. Inspire-se em casos de sucesso.

3º Inove dentro da crise: reveja o horário de funcionamento do seu estabelecimento comercial. A depender do movimento de clientes, você pode estender o horário de funcionamento e controlar quantas pessoas fazem as compras para evitar aglomerações. As filas também devem respeitar a distância mínima de 2 metros entre as pessoas. Outro ponto importante: os clientes precisam perceber que os cuidados necessários estão sendo tomados no seu negócio. A confiança é fundamental para a fidelização.

4º Reveja seus gastos fixos: é possível que seu faturamento não seja afetado, de acordo com o produto que é vendido, porém o momento pede uma revisão nos gastos fixos. Corte o que for dispensável nesse momento.

5º Renegocie: muitas instituições financeiras já estão abertas a renegociação de prazos, taxas e juros. Procure um gerente especializado e analise as propostas. Veja a possibilidade de negociar prazos de aluguel e demais gastos.

6º Procure ajuda especializada: o Sebrae, governo e demais instituições de apoio ao microempreendedor estão mobilizados para atender os casos específicos. Procure ajuda, informação e soluções com fontes oficiais. Há uma página com notícias, vídeos e casos inspiradores aqui. No Portal do Sebrae, por exemplo, todos os cursos online são gratuitos. Acesse www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae.

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