Partido Verde de Assis é contrário ao PL 14/2016 da Câmara Municipal
Membros do PV consideram a aprovação da lei um retrocesso
Na sessão da Câmara realizada no último dia 18 de abril foi aprovado o projeto de lei 14/2016, que dispõe sobre a comercialização de cerveja nas dependências de estádios de futebol, conjuntos poliesportivos e praças desportivas no Município de Assis e dá outras providências.
O projeto é de autoria dos vereadores Reinaldo Farto Nunes, o Português, e Claudecir Rodrigues Martins, o Gordinho da Farmácia, cuja votação apontou 8 votos favoráveis: Português, Gordinho, Alcides Coelho, Alexandre Cachorrão, Arlindo do Raio X, Eduardo de Camargo, José Luis Garcia e Professor Thiago; 4 votos contrários: Cristiano Santili, vereador do PV, Timba, Matiolli e Valmir Dionízio; uma abstenção: Adriano Romagnoli; e uma ausência: Bentinho.
Mesmo alertados pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o vereador Valmir Dionízio, da inconstitucionalidade do projeto e com manifestação contrária de membros do Conselho Tutelar do Município, os autores do projeto quiseram levá-lo à votação do plenário, sem maiores discussões.
Ele é flagrantemente inconstitucional, pois afronta os ditames contidos na Lei Federal 10.671/2003, que dispõe sobre as normas gerais de proteção e defesa do consumidor torcedor. Ou seja, contraria o Estatuto do Torcedor.
Não fosse apenas sua inconstitucionalidade suficiente, diversas universidades brasileiras, como USP, UNESP, UNICAMP, UFRJ, UFRGS, para citar algumas, têm pesquisas que demonstram cabalmente como a agressividade e a violência estão atreladas ao consumo de bebidas alcoólicas.
No que se refere exclusivamente ao consumo de bebidas alcoólicas nos estádios e praças esportivas, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO/RJ), em pesquisa coordenada pelo sociólogo Maurício Murad, realizada em 2008, constatou que, somente no primeiro ano em que a proibição vigorou, no estado de São Paulo houve uma diminuição de 57% no índice de violência nos estádios. E segundo cálculos do Ministério Público, a média anual de ocorrências policiais nos estádios caiu de 500 para menos de 100.
Além disso, a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) já, por diversas vezes, manifestou-se contrária ao retorno da venda de bebidas nos estádios, por conta do álcool potencializar a agressividade e a violência.
Sabe-se quanto o álcool, uma "droga lícita", tem sido danoso e gerado custos nas áreas de saúde, trânsito, justiça e outras.
A aprovação dessa lei vai retroceder anos no esforço pela prevenção e conscientização da população sobre os males causados pelo abuso de álcool.
E olhando para a juventude, é certo que a relação entre o futebol, esportes diversos e seus ídolos com o álcool estimula o consumo. Impedir essa associação é essencial para diminuir os graves problemas causados pelo consumo de bebidas alcoólicas que observamos diariamente.
É fundamental resguardar os interesses da população no que diz respeito à saúde pública e à segurança nos estádios, independentemente dos interesses e intervenções de alguns grupos, que sabemos existir em nossa cidade e no país.
Membros do Partido Verde de Assis são veementemente contrários a essa lei e pedem aos nobres edis que a revejam. Solicitam, ainda, ao Prefeito Municipal, para o bem dos munícipes, que exerça seu poder de veto.