Pouca frequência sexual e falta de romance são principais motivos de discussão entre os casais brasileiros
Os casais brasileiros gostariam de ter uma vida sexual mais frequente, mais romance, sincronia no desejo sexual, mais preliminares e relações mais longas. Essas foram as principais conclusões da pesquisa realizada pelo Instituto do Casal, feita em junho de 2018, para descobrir quais são os principais motivos que levam os casais brasileiros a brigarem.
No recorte sobre a vida sexual, para 40% dos entrevistados, o primeiro motivo para uma DR é a pouca frequência sexual. Depois, para 38%, a falta de romance pode minar a libido, seguida de falta de sincronia na vontade de transar (37%), falta de preliminares (21%) e relações muito rápidas (14%).
Para as psicólogas Marinas Simas de Lima e Denise Miranda de Figueiredo, cofundadoras do Instituto do Casal e coordenadoras da pesquisa, os resultados estão alinhados com outras pesquisas, assim como com as queixas do consultório.
"Na nossa primeira pesquisa, em 2016, avaliamos a satisfação conjugal e a maioria dos casais afirmou que a vida sexual mudou depois do casamento. E muda mesmo. Entretanto, ninguém se prepara para essa mudança que pode envolver queda da frequência, assim como da qualidade das relações sexuais", comentam.
Romance em tempos de casamento
Para alguns casais, o sexo pode melhorar e, para outros, piorar. "A vida a dois é repleta de responsabilidades, contas, rotina, filhos, trabalho, etc. Questões físicas como gravidez, pós-parto e menopausa podem alterar a libido feminina. Já o cansaço, a depressão e o estresse podem afetar homens e mulheres, levando à falta de desejo, disfunção erétil, entre outras condições que impactam na vida sexual", diz Marina.
Porém, a falta de romance que ficou em segundo lugar no ranking foi algo que nos chamou a atenção. "O romance é algo que remete o casal aos tempos de namoro. Foi aquele momento em que ambos se esforçaram para agradar um ao outro, para construir a intimidade, aspecto crucial para fortalecer o vínculo afetivo. O carinho expressado constantemente, as flores, as mensagens de amor e as ligações intermináveis. Aquele tempo em que contavam as horas para se encontrarem, para ficarem juntos e em que havia espaço para a saudade", reflete Denise.
Porém, quando o casal vive junto, o romance pode perder espaço mesmo. A saudade já não está tão presente. Os carinhos e agrados ficam mais escassos frente à rotina, ao excesso de tempo dedicado ao trabalho, aos filhos, aos cuidados com a casa.
Contudo, para as psicólogas é preciso investir no romance de forma contínua. "É como se a pessoa pensasse que já conquistou, portanto não precisa mais se esforçar para agradar. Porém, não é bem assim", diz Marina.
Como na época do namoro
"Uma das primeiras perguntas que eu gosto de fazer na terapia de casal é como foi o início do relacionamento. É comum o casal se empolgar contando como eram felizes, como era gostosa a época do namoro. Esse exercício pode ser feito todos os dias pelos casais. É importante resgatar o que gostavam de fazer juntos, o que fez um se apaixonar pelo outro. Isso ajuda a manter o romance presente", reflete Denise.
"Outro ponto é que o sexo não deveria começar na cama, depois de um dia exaustivo, por exemplo. Pense na época do namoro. Era assim? Provavelmente não! Havia uma preparação, uma expectativa que ajudava a ativar a libido. No casamento, não deve ser diferente. Além claro de alimentar a intimidade e o romance, o casal pode procurar criar essa expectativa em relação ao sexo para melhorar o desejo", explicam Marina e Denise.
5 dicas para resgatar o romance e melhorar a vida sexual no casamento:
Beije: O beijo é um excelente termômetro para o sexo. Há casais que depois de um tempo de casamento, deixam de se beijar. Dão selinhos nos momentos de saída, chegada e na hora de ir dormir. A dica é beijar, beijar de verdade. Coloque uma música dos tempos de namoro, feche os olhos e beije muito.
Troque carícias: Mãos dadas, abraços, carinho na perna, cafuné, etc. Tanto faz. O importante é que o casal se toque, fortaleça a intimidade por meio das carícias, mesmo sem a intenção de partir para o sexo. Sem a proximidade física, não há romance que aguente. Temos a necessidade de sentir a pele, o cheiro, o calor, a textura. Sem o toque físico, nos tornamos carentes, frágeis e estressados. O toque físico é uma forma de comunicar o amor emocional. Portanto, se não sou tocada (a), logo posso pensar que não sou amada (o).
Surpreenda: Mande flores, dê chocolates, mande uma mensagem sedutora no meio do dia, deixe um bilhete no armário. Apareça para almoçar com ele/ela. Sabe aquelas surpresinhas que você fazia na época do namoro? Por que deixou de fazer depois do casamento?
Expresse o amor: Há casais que conseguem expressar bem o amor em palavras. Embora cada um tenha sua maneira própria de dizer "eu te amo", saiba que é importante saber o que o outro sente por você. Portanto, à sua maneira, expresse seus sentimentos em relação ao seu (sua) parceiro (a).
Namorem: O que mais vocês gostavam de fazer na época do namoro? Viajar, ir ao cinema? Ir ao parque? O casal pode resgatar esses programas e se planejar para repeti-los na medida do possível.
"A intimidade sexual no casamento é uma dádiva, fonte de vida, felicidade e união. Não há como ser feliz por inteiro em um casamento em que o sexo não seja vivenciado plenamente", concluem Marina e Denise.