Larissa Manoela: Psiquiatra explica o impacto da violência patrimonial para a saúde mental de jovens estrelas
Livia Castelo Branco, psiquiatra da Holiste Psiquiatria, aponta o que o caso da jovem atriz ensina sobre relações familiares e saúde mental
Nas últimas semanas a relação conflituosa entre a atriz e cantora Larissa Manoela, de 22 anos, e os pais, foi exposta em rede nacional. A disputa pelo patrimônio da carreira da jovem levou à rescisão de contratos e à ruptura familiar. O caso fez com que deputados apresentassem quatro projetos de lei para aumentar a proteção de bens de menores de idade e evitar episódios de violência patrimonial. Os conflitos deste tipo não são novidade, mas além dos critérios jurídicos, há também o impacto à saúde mental de estrelas mirins, como explica a psiquiatra Livia Castelo Branco.
"Considerando que no mundo em que vivemos, dinheiro representa poder e independência, o desejo da autoafirmação e do posicionamento do que se considera justo pode confrontar o ideal de amor e respeito à família. Esta aparente incoerência gera insegurança, sentimentos de culpa por estar questionando aqueles lhe deram os instrumentos para crescer, assim como medo de perder o que se considera o porto seguro afetivo", detalha.
Casos como o da jovem atriz não são raros. Aos 14 anos, o ator Macaulay Culkin decidiu se emancipar legalmente, alegando que o pai era abusivo ao administrar sua carreira. O mesmo aconteceu com a atriz Drew Barrymore, que afastou os pais do gerenciamento de sua carreira ainda aos 15 anos. A especialista da Holiste Psiquiatria aponta que nestes casos, em que divergências familiares sobre questões financeiras e patrimoniais acontecem no início da vida adulta, a situação se torna ainda mais delicada, podendo gerar um transtorno de adaptação.
"É na adolescência que a personalidade do sujeito está em formação, e com o suporte emocional, ambiental e material as características positivas vão se fortalecendo. Entretanto, não se pode negar que há famílias em que o cuidado toma a forma de controle exagerado e manipulação, o que pode gerar insatisfação, brigas e violência. Essas situações de confronto que geram sentimentos ambíguos podem causar sofrimento emocional e quando os sintomas causam prejuízo significativo, caracteriza-se o transtorno de adaptação, em que flutuações de humor, insônia, ansiedade e irritabilidade se intensificam", conta.
Conflitos familiares e saúde mental de pessoas anônimas
Livia Castelo Branco ainda complementa que, apesar do tema ter ganhado notoriedade por se tratar de uma atriz reconhecida nacionalmente e de um patrimônio milionário, os conflitos familiares podem ter o mesmo impacto na saúde mental de pessoas anônima, seja por divergências relacionadas ao modo de vida, as decisões ou a própria dinâmica de cuidados. Em todos os casos, mesmo que não seja necessário o acompanhamento jurídico, o profissional de saúde mental é uma figura importante para oferecer suporte social e emocional para todos os membros envolvidos no impasse.
"O compartilhamento de experiências e o acolhimento das pessoas de confiança auxilia na tomada de decisões e reduz a sensação de desamparo. O acompanhamento psicológico é imprescindível para o autoconhecimento, fortalecimento da empatia e criação de estratégias para a resolução de conflitos, o que pode auxiliar os acordos e facilitar a reconciliação. No caso de sintomas ansiosos, insônia ou pensamentos de morte, a assistência de um psiquiatra pode ser necessária para o manejo medicamentoso, em colaboração com a psicoterapia", finaliza.
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