Viva o Gordo
COLUNISTA - Fernando Nascimento
O dia 05 de agosto de 2022 amanheceu um pouco mais triste para os brasileiros, com a partida de José Eugênio Soares, eternizado como Jô Soares, aos 84 anos.
Tenho certeza que, nos últimos dias, você leu bastante sobre a biografia e a obra do Jô. Portanto, não tenho a intenção de trazer nenhuma informação nova sobre o assunto, o que seria bem difícil. Quero, apenas, falar sobre duas das faces mais conhecidas deste gênio que nos deixou.
Jô Soares foi um comediante nato.
Eu era criança, com uns 7 ou 8 anos, e me lembro de poder sentar com meus pais toda semana para assistir "Viva o Gordo" e "Veja o Gordo". Outros tempos, nos quais a TV aberta representava a única forma de entretenimento da população. Era possível se divertir em família, com uma certa inocência, algo que não conseguimos mais imaginar nos dias atuais. Saudades.
Um humor ácido, ironias memoráveis, uma caricatura bem bolada do Brasil.
Juiz Ladrão, Julio Flores, Vovó Naná, Gardelon, Zé da Galera, O General, Ciça, Reizinho, Ananias, e tantos outros personagens que marcaram nossa história e, de certa forma, moldaram nosso caráter.
Jô Soares foi um apresentador nato.
Ao trazer para a televisão brasileira uma fórmula de talk-show de entrevistas, em 1988, estabeleceu um patamar difícil de ser alcançado ou copiado, até hoje.
Quem nunca foi dormir tarde para se deliciar com suas entrevistas? Sentar-se naquele sofá era um sonho de muitas pessoas. Ou mesmo estar na platéia, e ouvir uma saudação para sua turma. Falar "Ahhhh ", ao final de uma boa entrevista. Ouvir o quinteto, depois Sexteto. Gostar de Jazz apenas por causa da abertura do programa. Saudades.
Comediante, apresentador, escritor, jornalista, ator, quase diplomata, poliglota, diretor, músico, pintor, crítico… um artista, na melhor concepção do termo. Multitalentoso, para dizer pouco.
Deixará saudades.
É impossível não ter se chateado com a morte do Jô.
Fico com a impressão que mais pessoas especiais têm ido embora ultimamente, deixando nossas vidas um pouco mais vazias.
E me assusta pensar em quais serão as referências que teremos daqui a alguns anos.
Me considero um privilegiado por ter podido acompanhar tanta gente boa.
Um beijo do gordo.
Um beijo pro Gordo.