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PSDB evita debate com público em visita de senador à cidade

Pablo Scherrer

  • 11/11/15
  • 13:00
  • Atualizado há 472 semanas

* Pablo Sherrer

Na última sexta, 6, por volta das 17h, o Senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) esteve em Assis para um suposto bate-papo aberto ao público no auditório de uma fundação educacional da cidade. De acordo com o convite, assinado pelo deputado estadual Mauro Bragato (PSDB), de Presidente Prudente, e pelo prefeito de Assis Ricardo Pinheiro Santana (PSDB), que foi compartilhado através das redes sociais, o tema do debate com o senador era "A Conjuntura Política e Econômica Nacional".

O convite chegou até um jovem cidadão assisense, filho de uma técnica em enfermagem e de um carcereiro (In Memoriam), que nasceu, cresceu e mora até hoje numa das periferias da cidade, e que fez questão de aceitá-lo. Ele, que estudou da pré-escola à universidade em instituição pública e hoje é servidor público, não imaginava que não seria bem-vindo a um debate com um "representante da população", o senador Aloysio Nunes.

Ao chegar no recinto, o jovem tratou de reservar um lugar no auditório e como o evento ainda não havia começado, dirigiu-se à mesa de credenciamento para obter a informação se para fazer perguntas ao senador seria necessário fazer a sua prévia inscrição, como ocorre normalmente em debates. As pessoas na mesa esclareceram que não seria necessário se inscrever para fazer o uso da palavra, pois o microfone estaria aberto após a explanação do senador, e o orientaram apenas a assinar uma Ata de presença.

Enquanto aguardava o início do evento, ele começou a distribuir um convite para o Ato "Mulheres Contra Cunha em Assis" aos que já se faziam presentes e também aos que, aos poucos, iam chegando ao recinto.

O Ato em questão aconteceria no dia seguinte, sábado, dia 7, na cidade e se trata de um movimento contra a permanência do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Presidência da Câmara após acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e a comprovação da existência de contas na Suíça em seu nome e contra os retrocessos promovidos pelo mesmo deputado, principalmente em relação aos direitos das mulheres brasileiras. O jovem achou oportuno fazer o convite à uma causa suprapartidária como essa e foi elogiado por alguns dos tucanos que receberam o convite de suas mãos por tal iniciativa.

"Obrigado!", disse ele, "Mas a senhora ainda nem viu o que há no verso deste convite...", completou, à uma mulher que o chamou de corajoso e que, após receber esta resposta do jovem ao seu elogio, imediatamente observou o verso do convite e ficou ainda mais perplexa.

Minutos antes do evento começar, um tucano foi até o rapaz e rasgou o papel do convite que estava sendo distribuído por ele: "Você não tem o que fazer? Esta é a "nossa casa". (...) Pra mim, isto é coisa de quem não tem o que fazer! Por que você não vai estudar, não arruma um emprego?!" esbravejou o tucano. Neste ponto, gostaríamos de fazer uma breve pausa para recordar ao leitor que o jovem assisense em questão cursa uma universidade pública e, atualmente, é servidor público. Isso denota um grande equívoco do tucano ao supor que ele seria um 'vagabundo' por estar ali. Vale lembrar também que a instituição em que estavam é um espaço público e o senador da república, Aloysio Nunes, uma pessoa pública.

Voltando ao episódio, o jovem assisense de ascendência alemã disse de maneira sutil ao indivíduo que o desqualificou que havia sido convidado para estar ali. O tucano, então, retrucou dizendo que "o convite, então, estava retirado!". No entanto, o jovem o ignorou e continuou a distribuir os convites até que chegou o momento de adentrar o auditório, pois o evento estava prestes a começar.

Já acomodado em sua poltrona o jovem ainda seria intimado, mais uma vez, à deixar o evento. Desta vez por um tucano da comitiva do próprio senador. Sem se alterar, o "alemão" insistiu em permanecer no auditório e disse ao sujeito que o queria fora dali que tinha muito interesse em ouvir o que o senhor senador tinha pra dizer. Disse ainda que, se fosse do interesse deles (os tucanos), poderiam negar-lhe o uso da palavra na ocasião do bate-papo com o senador, mas que dali não arredaria o pé até o seu final.

Sem saída, a comitiva do PSDB solicitou a um de seus seguranças que se sentasse ao lado do rapaz e o monitorasse até o término do evento. Comportado, ele assistiu a todo o monólogo do senador com muita atenção e fez anotações, inclusive, dos pontos de vista do político expostos durante seu discurso, tudo aos olhos do segurança tucano que o vigiava, lia cada anotação sua e acompanhava cada movimento seu.

Ao término do evento, o jovem naturalmente se dirigiu à saída do auditório e foi acompanhado pelo segurança tucano até a porta que dá acesso à biblioteca e ao auditório daquela instituição, mas nada disso o abalou. O que o decepcionou, de fato, foi que imediatamente após o término da explanação do senador, o evento foi dado por encerrado pelo senhor prefeito e o debate com a participação do público deixado de lado.

Mas, quem é o jovem cidadão assisense de que trata essa história? E o que continha o convite distribuído por ele na ocasião que causou tamanho desconforto entre os tucanos, inclusive no próprio senador, tornando a sua presença ali indesejada e que, evidentemente, levou a diretoria do PSDB a suspender o bate-papo?

O jovem assisense em questão é Pablo Scherrer (27), presidente do recém fundado diretório do PSOL em Assis. O convite do Ato 'Mulheres Contra Cunha em Assis' que distribuía aos presentes (foto) trazia em seu verso uma matéria extraída do jornal O Estado de S. Paulo sobre a 'Operação Lava Jato', em que o senador Aloysio Nunes, do PSDB, foi acusado de corrupção.

Perguntado se caso o bate-papo fosse mantido, que assuntos gostaria de abordar com o senador, Pablo disse o seguinte: "São muitos os assuntos que poderiam ser abordados com o senador no bate-papo, não só por mim que teria a oportunidade de questioná-lo uma única vez, mas (por que não?) pelo seus próprios eleitores e aliados que estavam ali. Perguntar não ofende e posso elencar alguns exemplos do poderia ser perguntado ao senador na ocasião: além da acusação de envolvimento no escândalo da Petrobrás, sabemos que a chave da corrupção é o financiamento empresarial de campanhas e o senador favorável à doação de empresas aos políticos.

A "Lei da Mordaça", defendida por ele no senado, possibilitará que movimentos sociais e mobilizações reivindicatórias possam vir a ser caracterizados como extremismo político e seu atos tipificados como terroristas, tornando vulnerável a luta social em nosso País.

Não obstante, o seu partido, o PSDB, é contrário ao projeto de lei de repatriação de recursos mantidos no exterior adquiridos no Brasil por meio de atividades legítimas, mediante regularização fiscal que reintegraria bilhões de reais na base tributária do País. Isso alimentaria a economia brasileira hoje em profunda crise.

Por fim, o mesmo PSDB que se autoproclama "a favor do Brasil" é favorável à manutenção absurda de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados atualmente, o que deve ser inaceitável pela sociedade brasileira. Tudo isto por acreditarem ainda em um improvável impeachment da atual presidenta que, ao contrário do senador Aloysio Nunes, senador Aécio Neves e tantos outros parlamentares, não foi citada na Operação Lava Jato, por exemplo. Que tipo de "oposição" oportunista e medíocre é essa que, ao invés de propor leis que ajudem o País na conjuntura política e econômica, aceita que um criminoso como Cunha continue à frente da Câmara, além de propor e apoiar muitos retrocessos em tramitação hoje no Congresso, demonstrando que querem ver o País mergulhado num perfeito caos para depois se beneficiar da situação?

Por Pablo Sherrer tem 27 anos e é presidente do recém fundado diretório do PSOL em Assis

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