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Por que tantos porquês?

COLUNISTA - Michele Orsi

Michelle Orsi

  • 29/03/22
  • 09:00
  • Atualizado há 138 semanas

Se você começou a escrever um texto e teve dúvidas no uso dos porquês, a coluna de hoje é para você.

As expressões "por que / porque / por quê / porquê" são as que mais causam dúvidas na escrita da língua portuguesa. Isso acontece, pois, na linguagem formal, os porquês têm quatro formas diferentes de serem grafadas, o que confunde os falantes da língua na hora de escrever.

Mas como usar tantos porquês corretamente?

Para essa pergunta, a resposta é: depende do sentido que você quer dar a sua frase.

Se a sua intenção é fazer uma pergunta direta, é aconselhável usar "por que", separado e sem acento. Por exemplo: Por que você não estudou para a prova? Uma pergunta bem objetiva. Além disso, ele pode ser facilmente substituído pelas expressões "por qual razão", "por qual sentido", "por qual motivo", "pelo qual", "pela qual", e suas variações no plural: "Ninguém sabe por que ela não estudou para a prova." - "Ninguém sabe por qual motivo ela não estudou para a prova.".

No entanto, se o objetivo é explicar algo ou justificar-se, então, o melhor é aquele escrito junto e sem acento: "Ela não estudou para a prova porque não quis.". Resposta simples e direta. Esse é um dos porquês mais usados em dissertações argumentativas, artigos de opinião, relatos, notícias, textos expositivos e narrativos, já que, pode ser facilmente substituído pelas expressões visto que, dado que, pois, uma vez que, pelo de motivo de.

Agora, quando a acentuação aparece, aí começam os problemas. É de conhecimento público que a acentuação é algo deixado um pouco de lado pelos brasileiros, ali esquecida. Uma falta de acento aqui, outro ali e, pronto, lá se vai o sentido da palavra. "Por quê" que o diga.

Com o uso muito específico, "por quê", separado e com acento, é a união de duas palavras, a preposição "por" com o pronome interrogativo "quê", e serve para substituir o sentido de "por qual razão", mas deve vir no final das frases antes da exclamação, interrogação ou ponto final, diferentemente do outro por que: "Ela não estudou para a prova, por quê?"

Por último, e não menos importante, o porquê, junto e com acento. Se a ideia é apenas se referir aos porquês da vida, esse é o porquê correto. Um substantivo que tem como única função ser sinônimo das palavras razão e motivo: Ninguém sabe o porquê de tantos porquês.

Assim, com tantos porquês, a sociedade foi se adaptando. Preferiu o uso informal, bem mais simples, um só "porque", serve até a forma abreviada - "pq" - que não é errada na linguagem informal. E de regras em regras, a pergunta permanece: Por que tantos porquês?

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