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O "Fim" do Aquecimento e o "Início" da Ebulição Global

Colunista - Thiago Hernandes

Prof. Me. Thiago Hernandes

  • 12/02/24
  • 10:00
  • Atualizado há 37 semanas

Não é de hoje que a pauta referente às mudanças climáticas ganha corpo nos veículos de comunicação no mundo todo, tendo inclusive sido tema de diversos artigos por mim assinado.

Entretanto, de forma nítida e notória, a cada aparição desta temática fica evidente o agravamento das abordagens feitas, visto que os números apresentados não são nenhum pouco animadores, ao contrário, são uma mescla de desoladores com extremamente preocupantes, sendo o último alerta o fato da Terra alcançar o acréscimo de 2°C (na temperatura media em relação aos parâmetros do período pré Revolução Industrial) até 2030, muito antes de 2100 que era o esperado pelo Tratado de Paris.

Mas antes de aprofundar mais nesta temática, faz-se necessário explicar o significado de algumas expressões aqui usadas e muito recorrentes empregadas, a saber:

Mudanças Climáticas: termo empregado para fazer referência às mudanças dos padrões da dinâmica atmosférica - temperatura, umidade, pressão e dinâmica de chuvas - consolidado ao longo dos processos evolutivos atravessados pelo planeta;

Efeito Estufa: processo natural que ocorre em razão da retenção de parte da energia térmica emitida pelo Sol junto a atmosfera terrestre. Atualmente é empregado para fazer alusão a intensificação deste processo em razão do aumento da concentração dos chamados GEE's - Gases de Efeito Estufa - como o dióxido de Carbono e o Metano, que ao se acumularem mais, favorecem maior concentração de calor;

Aquecimento Global: expressão empregada para fazer referência ao processo de aumento dos padrões térmicos em esfera global, fato decorrente da intensificação do Efeito Estufa e que é o grande causador das Mudanças Climáticas.

Divulgação - Thiago Hernandes - Foto: Divulgação
Thiago Hernandes - Foto: Divulgação

Feitas estas considerações, voltamos ao centro da abordagem deste artigo.

Além do aumento das médias térmicas, as Mudanças Climáticas estão causando um verdadeiro "reboliço" no clima do planeta, pois os tradicionais padrões atmosféricos esperados para cada estação do ano não mais estão ocorrendo como outrora.

A saber, em pleno atual inverno no hemisfério norte, temperaturas extremamente elevadas para a época estão sendo registradas em quase todos os lugares, a neve esperada e essencial vem se acumulando em volumes muito reduzidos ao que normalmente ocorria, o mesmo em relação às chuvas. Por sua vez, no hemisfério Austral (Sul) que está em pleno verão, anomalias de diferentes ordens estão ocorrendo, seja com o registro de temperaturas extremamente elevadas, como extremos ligados às chuvas - excessos em alguns lugares e volumes muito abaixo da média em outros.

Ante a todos estes fatos, uma coisa é certa: a humanidade não pode dizer que não sabia do processo em curso, visto que desde os anos 1970 e com maior ênfase no transcurso dos anos 1990, inúmeros foram os eventos técnicos-científicos voltados à temática, aos quais os agentes causadores bem como as formas de enfrentamento foram amplamente discutidos e propagados.

Mas se era sabido, por qual(is) razão(ões) estas não foram adotada? A resposta para esta questão complexa não é tão simples, porém ao se analisar mais profundamente vê-se o fator econômico exercendo forte influência junto aos que cabem o poder e influência nas grandes tomadas de decisões.

A tecnologia das placas solares está mais do consolidada, mas seu elevado custo (as vezes creio que intencional) é um impeditivo ao maior acesso ainda. Se mais pessoas gerarem sua própria energia, menos "reféns" das companhias de geração e distribuição ficarão, o mesmo princípio se aplicando aos veículos híbridos e elétricos, que se "popularizarem" muito, poderão causar impactos na poderosa "indústria" do petróleo.

Mas além disso, muitas são as ações em escalas variadas de aplicação que podem e devem ser aplicadas para a superação de tamanhos desafios.

Em âmbito macro escalar (global, político/governamental, econômico/produtivo) citam-se: combate ao desflorestamento e introdução de amplos planos de reflorestação (com compensação e estímulos aos impactados), ampliação da geração e uso das fontes limpas em detrimento das mais poluentes e não-renováveis, financiamentos para a introdução de modelos produtivos (industriais e agropecuários) mais eficazes e limpos. Paralelamente a isso tudo, é crucial que políticas de combate e erradicação das desmazelas humanas (guerras, fome, não acesso a equipamentos de saúde e saneamento, educação precária e afins) sejam implantadas para que as pessoas possam gozar de uma vida ao menos digna em todos os pilares da palavra.

Em esfera local, ou seja, ao que cabe a cada um, podemos e devemos agir de forma responsável quanto ao consumo variado, combater o desperdício de água, alimentos e energia, praticar a coleta seletiva, agir e cobrar de nossos representantes ações assertivas voltadas ao bem comum.

Enfim, o que foi dito aqui não é novidade alguma para muitos, totalmente sabido aos tomadores de decisões. Porém, nosso tempo de agir para reverter ou ao menos retardar e atenuar as mudanças em curso está acabando.

Outrora falam que temos de agir para evitar mazelas às gerações vindouras, mas o estrago é tamanho que a necessidade de ações com tal finalidade voltaram-se à nossa própria geração.

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