Maternidade e o luto de si mesma: como enfrentar?
COLUNISTA - Poliana Possatti
Por Poliana Possatti
Há mais de 15 meses tenho enfrentado os dias mais apaixonantes e exaustivos dentro desses meus 33 anos de vida. Chegou ao mundo minha doce e amada filha após três dolorosos abortos.
Todos dizem que a sua vida muda pra sempre depois de um filho. Mas o fato é que você não tem ideia de que mudança é essa até ela acontecer. Ninguém me disse do luto que vivemos após um nascimento. O luto de si mesma. O fim de uma jornada que buscava somente seus objetivos em prol de um outro ser que não consegue segurar a cabeça no pescoço. É entrar dentro de um universo totalmente desconhecido e tentar entender sensações que você jamais teve antes.
É uma luta em vão por uma identidade já perdida. É tentar se reencontrar, mas nunca mais se achar e perder energia tentando aparentar o que você era antes.
É transformação de sentimentos, se encontrar com a própria sombra, chorar debaixo do chuveiro, respirar e retomar tudo outra vez.
Se inicia um novo ciclo. Noites mal dormidas, cansaço e lágrimas de exaustão com o questionamento "quando isso vai passar?". O autoconhecimento será a luz na sua jornada. Permita-se viver sem julgamentos, a seguir sua intuição e a desconstruir preconceitos sociais que insistem e querem nos fazer acreditar sobre a maternidade e vínculo entre mãe e filho.
Entre um intervalo e outro, surgem os sorrisos banguelas, a conexão olho no olho e um amor tão intenso que o peito parece explodir. Esqueça tudo que foi dito anteriormente. Esses sentimentos serão a sua bússola para percorrer os novos caminhos e enfrentar os desafios deste novo percurso na sua vida.