Todos os dias, ao esperar o elevador, ela está lá, na cena do crime. Meus olhos não conseguem desviar, é mais forte do que eu, mais um assassinato da língua portuguesa, ali, em evidência. Você também já deve ter notado, puxe pela memória, é impossível não perceber, está nos edifícios de todo o país, na altura dos nossos olhos, implorando para que leiamos: "Antes de entrar no elevador, verifique se 'o mesmo' encontra-se parado neste andar.".
Nunca entendi como essa frase viralizou. Na verdade, acho que nem perceberam o equívoco, afinal, no Brasil, regras nem sempre são cumpridas, o que dirá as de língua portuguesa: "escreve aí de qualquer jeito!". E o povo? Bom, o povo achou bonito, entendeu que era rebuscado e começou a copiar em documentos oficiais, notícias de jornais, blogs, livros...todo mundo propagando a falha na frase do ascensor. O fato é que, O MESMO, judiação, tem qualquer outra função, menos a de substituir o elevador.
Podemos entender dessa maneira: "mesmo" dá a ideia de próprio: "Eles mesmos identificaram a confusão."; pode até substituir o advérbio justamente: "É aqui mesmo que você deve reclamar.", mas, nunca, jamais, em hipótese alguma, poderá fazer a vez dos pronomes "ele ou ela". É simples, onde entrar ele, o mesmo fica de fora. Então, por que permitir que esse desafortunado fizesse a vez do "ele" no alerta do elevador? Crii, criii, criiii...Será que foi por birra do português ou pior, por achar que escrever dessa maneira seria formal e impressionaria a todos? Fato é, que apenas serviu para virar memes na internet.
Neste exato momento, você deve estar se perguntando: "Por que um professor não corrigiu esse fiasco?" Você conhece o Brasil, não é?! Nada é simples! Toda essa confusão começou depois que a Assembleia legislativa de São Paulo aprovou uma lei determinando que, em todos os prédios do estado, houvesse um alerta para segurança dos usuários. Acontece que a pessoa, escolhida para escrever a tal frase, não era muito conhecedora da língua e, sem ninguém para revisar, a dita cuja foi aprovada e, de lei estadual, tornou-se federal, difundindo o erro de gramática por todo o território nacional. Agora, para reparar a gafe é preciso uma aprovação no senado federal.
E, assim, de andar em andar, o povo vai sendo enganado, acredita no que lê e espalha o desacerto. Se as aulas de português, ali dos bancos da escola, não fossem tão ignoradas a gramática não seria assassinada e "o mesmo", coitado, não seria hoje uma piada.
Semana que vem estou de volta, com mais dos mesmos erros.
Até lá.
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Michelle Orsi - Redação
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