Machismo, racismo, discriminação contra LGBTQIA+, pessoas com deficiência e demais minorias, sexismo: por que não há espaço para isso nas empresas
COLUNISTA - Elisa Barbosa
Há até pouco tempo, era muito comum ouvirmos que um bom profissional era aquele que, independentemente de como se portava individualmente, entregava bons resultados à empresa. Bastava que se produzissem bons números, que houvesse empenho, um certo coleguismo, que se vestisse a camisa, e a imagem do bom funcionário estava construída.
Durante anos, infelizmente, conviveu-se com a ideia de que a produção deveria ser defendida a todo custo e, com isso, muitos casos de abuso, racismo, discriminação eram escondidos ou, muitas das vezes, justificados por terem sido cometidos por excelentes profissionais, por superiores hierárquicos, por homens poderosos. A impunidade evidente somava-se à gritante injustiça, já que, em muitos dos casos, as vítimas eram demitidas ou encontravam-se em uma situação em que viam-se obrigadas a pedir demissão.
O cenário, felizmente, tem mudado. Com a internet como ferramenta de combate contra essa conjuntura, muitas pessoas têm exposto situações vividas e outras têm se sentido amparadas e encorajadas a fazer o mesmo. Movimentos como o #MeToo, contra assédio e agressão sexual, levaram a acusações de grandes nomes da mídia internacional, como Harvey Weinstein, produtor americano cinematográfico conceituado, e Kevin Spacey, ator e produtor hollywoodiano.
As grandes empresas têm mudado sua forma de agir e pensar. Não são de hoje as preocupações com o clima, consumo sustentável, transparência e questões humanitárias e de direitos, elas existem há um bom tempo. A crescente pressão social sobre como as empresas devem se comportar no contexto político social estão dando a nota de como a responsabilidade social, ética e respeito à pluralidade têm grande importância corporativa.
Além disso, a busca por condições de trabalho digno para toda a classe trabalhadora é uma luta social que marca a história mundial e, em especial, do Brasil, que ainda enfrenta grandes barreiras sociais e econômicas devido ao período extenso de escravidão.
O processo da derrota do pensamento arcaico ainda ocorre, e é necessário que não se subestime a resistência contrária. Mas as mudanças estruturais e que envolvem toda uma cultura organizacional são fundamentais para que se tornem efetivas as políticas e as práticas ESG, possibilitando ambientes de trabalho mais saudáveis, justos e com equidade e esse é o cenário que se mostra nas corporações de vanguarda.