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Impactos da polarização Lula x Bolsonaro: Perspectivas municipais e o caminho para 2026

Artigo/Opinião

Elielton de Oliveira

  • 23/08/24
  • 16:00
  • Atualizado há 2 semanas

A polarização Lula x Bolsonaro continua forte em todo o país. Ela irá influenciar na dinâmica das campanhas eleitorais em busca das prefeituras e no fortalecimento, com vistas à eleição de 2026, dos dois campos rivais.

O VOTO

Em uma República as eleições significam a representação da vontade do modelo de sociedade que a maioria dos eleitores preferem. O voto é decidido sobre uma base ideológica. Ou pelo menos deveria ser. Acreditar em neutralidade é praticar a ingenuidade. Muitos a cometem e acabam por escolher seus candidatos sem uma análise criteriosa para identificar se aquele postulante ao cargo público realmente compartilha da mesma perspectiva.

É preciso estar atento. Nos municípios, charlatões sedentos pelo poder também não faltam. Por vezes, sem base política, surgem do nada prometendo mudanças radicais. Alguns, mais tradicionais, mudam de lado a todo momento para se manter no círculo de controle, até mesmo quando estão inelegíveis. Outros, mesmo que rejeitados, insistem em disputar eleições uma vida toda para simplesmente exercer autoridade.

HISTÓRICO

Apesar das particularidades de cada uma das cidades brasileiras, as eleições municipais refletem o que acontece no âmbito nacional. O PSDB esteve na presidência entre 1995 e 2002, no governo de São Paulo de 1995 a 2022 e por seis pleitos consecutivos esteve no segundo turno da disputa presidencial. Após rachas internos, a derrocada do partido ocasionou a perda de prefeituras. Em 2023 os tucanos haviam perdido 40% dos eleitos em 2020 cujos destinos foram o PSD e o PL.

Na década de 2000, com a alta aprovação de Lula, então presidente, o Partido dos Trabalhadores promoveu a chamada onda vermelha com vitórias em importantes capitais e crescimento de 120% nas eleições de 2004. Já nos anos 2010, com a baixa popularidade de Dilma Roussef, seu impeachment, e a Lava Jato que atuou politicamente contra os petistas, o partido experimentou seu pior desempenho. Em 2012 saiu vitorioso em 630 cidades, já em 2016 foram 256 eleitos.

Nessa esteira da política nacional, o PSL surfou no início da onda bolsonarista. Jair Bolsonaro se filiou à sigla em 2018 e consigo levou uma legião de seguidores. Muitos nunca haviam se interessados por política. Famoso oba-oba. Mesmo saindo do partido no ano seguinte, o PSL que fora inexpressivo durante duas décadas, elegeu 90 prefeitos em 2020. No pleito de 2016, haviam sido apenas 30. A bola da vez é o PL. Em 2018 havia eleito 33 deputados federais, com a onda bolsonarista elegeu 99 em 2022. O partido pretende essa expansão também nas prefeituras.

OPORTUNISMO

É notório que muitos candidatos não possuem compromisso algum com a ideologia partidária. O que fazem é procurar dentro do campo da direita e da esquerda a sigla forte do momento para tentar chegar ao poder.

Nessas eleições, o cenário de polarização continuará. Este pleito é uma espécie de tubo de ensaio para a eleição de 2026. Vemos inúmeros deputados visitando várias cidades em eventos como rodeios, feiras de exposição e inaugurações públicas. Eles tentam esbanjar simpatia e pedem apoio do eleitor aos seus correligionários. A essência dessas visitas não está necessariamente na intenção de eleger um prefeito capacitado em cada município, mas, sim garantir base política que poderá ser revertida em votos em 2026.

CENÁRIO POLARIZADO

O pleito desse ano passa por um projeto de país. Cada candidato do campo bolsonarista eleito significará a ascensão da extrema-direita e o fortalecimento para elegerem uma quantidade significativa no Congresso no próximo sufrágio. Isso deixaria o parlamento ainda mais autoritário.

Cabe aos eleitores diferenciarem aqueles que realmente possuem compromisso com a democracia e com o combate à desigualdade social dos que pretendem manter o status quo de um país elitizado e desigual.

As candidaturas do campo progressista, mesmo que muitos não sejam eleitos, tendem a ajudar Lula a subir sua porcentagem de aprovação na governança do país, uma vez que irão a campo destacando os bons índices de seu governo com destaque à evolução positiva na Economia, Educação e Saúde. Áreas que impactam diretamente o cotidiano dos eleitores.

Em matéria de março deste ano, a Folha de S.Paulo, respaldada por dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre outros órgãos, indica que dentre 99 indicadores, 66 melhoraram, 20 pioraram e 13 ficaram estáveis durante o primeiro ano da gestão Lula III.

Os números evoluíram significativamente. Lula teve evolução muito maior do que Bolsonaro, que em seu primeiro ano de mandato, 2019, obteve resultados negativos em 56% dos indicadores. Resultados antagônicos que serão explorados nesta campanha.

Segundo o Datafolha, em pesquisa realizada em março, 30% dos brasileiros afirmam ser petistas e 24% bolsonaristas. A extrema direita irá tirar o espaço da direita democrática e continuará explorando a rivalidade com a esquerda em busca de votos.

Nota-se que muitos candidatos da direita evitam posicionar-se de maneira clara e proferem discursos vazios como "estou do lado do povo" ou "em primeiro lugar é minha cidade". Hipocrisia e demagogia. Em uma análise mais profunda suas convicções direitistas são notórias. Já os esquerdistas, apostam em Lula como cabo eleitoral e declaram abertamente seu posicionamento.

Portanto, a tendência é que o extremismo, ao explorar pautas morais, fake news, apelo religioso e discursos rasos sobre corrupção saia dessa eleição fortalecido para a disputa legislativa em 2026. Para Lula e o PT, o pleito tende a consolidar o seu favoritismo à reeleição para chefe do poder executivo.

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