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Debates Eleitorais: Do Diálogo à Desinformação e a Demagogia no Palco da Democracia

Artigo/Opinião

Professor Fernando Cândido de Paula

  • 27/09/24
  • 11:00
  • Atualizado há 7 horas

Democracia, uma palavra que nos remete à Grécia Antiga, mais especificamente no período clássico. Foi lá que as primeiras experiências aconteceram. Na etimologia da palavra, no vocabulário grego demos significa povo e kratos, poder, ou seja, poder ao povo ou poder do povo. Hoje muita coisa mudou. E um dos espaços para o exercício desse direito de cidadania são os debates eleitorais, que sempre foram um dos pilares fundamentais da soberania popular. Eles oferecem aos eleitores a chance de conhecer as propostas dos candidatos, comparar suas visões e escolher, de forma consciente, quem será o próximo governante. Historicamente, são oportunidades valiosas para questionar diretamente os candidatos sobre temas relevantes, além de promoverem a transparência e fortalecerem o papel da opinião pública no processo democrático. No entanto, o que era para ser um espaço de troca de ideias, nos últimos tempos, tem se transformado em um espetáculo de ofensas, acusações infundadas, manipulação da verdade e agressão física.

É inegável que os debates atuais se distanciaram dos objetivos originais. Em muitos casos, o que se vê é uma verdadeira "guerra de palavras", na qual os candidatos investem mais tempo atacando seus oponentes com mentiras ou meias-verdades do que apresentando soluções concretas para os problemas da sociedade. Acusações sem fundamento, distorções de fatos e até agressões físicas, como o caso da cadeirada e das vias de fato que aconteceram recentemente, têm se tornado cada vez mais comuns nesses espaços. Esse comportamento transforma esse espaço em um espetáculo de horrores, descaracterizando o debate político e esvaziando o conteúdo que deveria ser apresentado aos eleitores.

As redes sociais desempenham um papel duplo nesse cenário. Por um lado, deram voz a muitas pessoas antes excluídas do debate político, ampliando o alcance da informação e permitindo uma maior participação da população nas discussões eleitorais. Isso é, sem dúvida, um ganho significativo para a democracia. No entanto, essas mesmas plataformas se tornaram terreno fértil para a disseminação de fake news. Muitos dos candidatos que hoje participam dos debates vêm diretamente dessas redes, carregados de desinformação e promessas vazias que os ajudaram a conquistar popularidade online.

Os chamados "influencers" e "coachs", figuras que cresceram nas redes sociais promovendo soluções rápidas e utópicas para problemas complexos, começam a migrar para a política. Prometem o paraíso, mas frequentemente não entregam nada além de discursos inflamados e carentes de substância. Esses novos participantes trazem para os debates não apenas a falta de preparo, mas também a cultura do espetáculo e da viralização, mais preocupados em ganhar cliques e curtidas do que em apresentar planos de governo sólidos e viáveis.

Esse fenômeno expõe a fragilidade do ambiente político atual, onde a busca por soluções reais e diálogo construtivo é frequentemente ofuscada pelo barulho das redes sociais e dos debates teatralizados. Para que a democracia possa prosperar, é necessário romper com esse ciclo para que os debates voltem a ser espaços de discussão séria e produtiva. Mais do que entretenimento, os eleitores precisam de transparência e comprometimento por parte dos candidatos.

O futuro da política, e consequentemente da sociedade, depende da nossa capacidade de resgatar a seriedade desses momentos e de filtrar o que é real do que é ilusão no grande palco que as eleições se tornaram. É preciso valorizar a verdade, o diálogo honesto e o compromisso com o bem-estar coletivo, para que possamos eleger representantes que estejam realmente preparados para governar.

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